Japão: Nagasaki Museu da Bomba Atômica

Sendo certamente um lugar de visita, para turistas a primeira vez em Nagasaki, o Museu da Bomba Atômica responde muitas dúvidas, sobre o resultado de uma guerra que mudou para sempre a história do Japão.

Certamente, não é fácil, visitar um local que reproduz nos mínimos detalhes, as características do dia do ataque. A sensação de incômodo é pertinente e irá apenas se tornar mais aguda, em cada passo para dentro do Museu.

Todos os sentidos serão de alguma forma abalados pelo museu. O primeiro certamente é a audição, quando entrando num ambiente escuro, ouvimos som de aviões da Segunda Guerra combinados com a de um relógio. A peça principal e de entrada ao museu é o relógio deformado pelo calor da bomba. Tudo isso, antes de se entrar num enorme corredor, aonde tem pedaços da cidade que foram reproduzidos exatamente, como ficaram após a bomba. Portanto, vultos de corpos desintegrados, escadas de metal retorcido, fachada da igreja original de Urakami totalmente destruída, entre outras partes da cidade em estado lastimável. Vale lembrar que o som do avião se torna mais forte, enquanto diferente de museus tradicionais, o ambiente é escuro e com cenários que reproduzem o caos.

Próximo passo é conhecer a história das pessoas que morreram naquele dia. Sem demagogia e praticamente enfiando o dedo na ferida, somos apresentados a murais imensos com fotos de deformações, fotos da cidade antes e durante o ataque, como também fotos de feridos e mortos espalhados pela cidade. Nesse ambiente, temos muitas peças como bentos (marmita), capacete, brinquedos, entre outros itens pessoais, de pessoas que não conseguiram sobreviver após esse holocausto. Todos os itens foram doados pelos familiares das vitimas, além de recontar a história de cada pessoa, até a morte.

Quando comentei da sensação de incômodo, ela nem se compara, ao ler a história da maioria das crianças que morreram naquele dia. São histórias do cotidiano, que poderiam ocorrer em qualquer lugar do mundo, mas que foram interrompidas, pela falta de uma sensatez de lideres de governos equivocados sobre o valor de um ser humano. É de quebrar o coração, ler histórias, sobre pais desesperados, atrás de um filho que não existe mais, aonde apenas uma marmita queimada com as iniciais do filho foi encontrada. Às vezes, nem isso, talvez se confortando com um pedaço de cabelo, ou uma sandália, tentando se agarrar na chance deste ter sobrevivido.

O museu aliado todas essas características, nos faz sentir uma grande revolta da decisão infeliz que é a de optar por um ataque de bomba atômica. Ver pessoas deformadas, com diferentes tipos de câncer, ou mesmo desesperadas como a mãe segurando seu bebê morto, fazem de nós seres humanos por demasiadamente frágeis.

É verdade que tragédias acontecem o tempo todo e que a comunicação evoluiu demais nesse segmento. Muitas vezes, assistindo crimes aliados de outras tragédias, de forma ultrajante e ao vivo no mundo inteiro.
Pedir pelo fim da bomba atômica é um sonho que não deve se tornar impossível, porém ainda hoje existem países que ameaçam outros com o artifício da bomba atômica. Estes governantes que ameaçam com esse intuito, certamente não sabem os efeitos dessa arma, e agem de forma covarde.

O museu da bomba atômica de Nagasaki, nos conta diversas histórias, sendo cada item mais chocante que o outro, como o capacete de um soldado, que sobrou apenas pedaços de crânio presos no mesmo.

Outra história chocante foi de uma criança que anotou na parede, o numero de parentes de sua família que morreu. Essa era uma forma precária de enumerar os mortos naquela época, sendo que o próprio morreu logo depois.

Muitas cartas sobre parentes mortos, feitos com material que se tinha acesso, também podem ser vistas no museu.

Lógico que somos apresentados toda a dor, sendo arrebatador e angustiante ficar ali. É uma lição que se deve tirar, sendo recomendável a todos que façam isso. Lá, tinham crianças, adolescentes e adultos, visitando o museu pra aprender a importância desse artifício covarde.
Depois do museu, temos a parte de educação, aonde somos apresentados as substâncias da bomba, quantas bombas existem no mundo, os tratados sobre o fim da guerra nuclear, como cartas de proibição do governo americano sobre as bombas (coisa que não foi acatada), entre outras coisas. Diversas salas com documentários sobre o ataque de Hiroshima e Nagasaki, também estão espalhadas perto do fim do museu, sendo uma aula sobre esse dia.

Espero que esse depoimento sobre a visita ao museu, tenha passado qualquer sentimento que o mesmo desperta nas pessoas. Sendo primordial pra qualquer um que visite o Japão pela primeira vez, ter a chance de aprender mais sobre os erros dos seres humanos.

Observação: Essas fotos foram usadas ao pesquisar na internet, na ocasião não tirei fotos dentro do museu.

Próxima história será a última da cidade de Nagasaki, a da igreja Urakami.

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Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

2 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns pela ótima postagem.Deve ser realmente angustiante visitar o Museu mas tal angustia é necessária para vermos que ataques como esses são de extrema covardia.Obrigado por compartilhar um pouco da experiência que foi visitar o museu com todos que lêem o blog.

  2. Parabéns pelo blog, Giuliano. Cada post, um mais legal que o outro.Como eu gostaria de poder visitar lugares assim, do que ficar indo só pra Akihabara…HeHeHe! Mas infelizmente, quando se vem à trabalho no Japão, conseguir conciliar tempo e dinheiro fica muito difícil. Eu estou há quase 9 anos no Japão, sem nunca ter saído da região de Kanto. Inclusive, jamais peguei um trem Shinkansen! Nessas horas, bate aquela maior inveja!

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