Crítica | Okusama wa majo – Minha Esposa é uma Bruxa

O seriado A feiticeira como Jeannie é um gênio, com certeza são ícones eternos dos anos 60. Representantes do American way of life, os seriados mesmo depois de 40 anos, ainda são exibidos na televisão, como também recentemente foram lançados em dvd no Brasil.

Se no Brasil, ambos os seriados mantiveram-se vivos todos esses anos, imagina como seria no Japão.

A Feiticeira e o Shoujo

Segundo a extinta revista Henshin, a série A feiticeira que definiu muitos dos paradigmas utilizados pelos mangas femininos, shoujos, utilizados até hoje. Desde sua estréia no Japão, muitos de seus valores acabaram sendo transmitidos a criações tipicamente japonesas, mas que tiveram total inspiração no famoso seriado americano, como o anime Mahou Tsukai Sally produzido pela Toei Animation.

O mundo das animações japonesas para o público feminino de hoje em dia, foi definido por animes como Sakura Card Captor, Sailor Moon e Guerreiras Mágicas, mantêm características utilizadas desde aquela época.

A Feiticeira

Produzida entre 1964 a 1972, o seriado “Bewitched” recebou o nome nacional de “A feiticeira”. A série veio a estrear no Brasil em 1965 na Rede Globo e é constituída de 248 episódios. No Japão a série estrearia apenas em 1966 e se chamaria “Okusama wa majo” que significa “Minha esposa é uma bruxa”. No Brasil, o seriado foi exibido sempre em conjunto com a série “Jeannie é um gênio” e foram exibidos nos seguintes canais: Rede Globo, Rede Bandeirantes, Rede TV!, Rede 21 (atual Play Tv), Warner Channel e Nick Nite.

A história é sobre Samanta, uma bruxa que decide viver na terra dos mortais e ser como uma, assim se casando com o mortal James (Darrin, no original) e se tornando uma dona do lar americano. Logicamente que sendo visto do ponto de vista de hoje, muitos interpretariam como machista o seriado, mas realmente o triunfo do seriado original foi tender a um caminho mais do universo feminino do que o masculino, atraindo a atenção do público.

Com certeza, outro ponto positivo da série é a personagem Endora, mãe de Samanta e a antagonista da série. Ela realmente é uma pedra no sapato de James e reforça o quanto pode ser ruim ter uma sogra, ainda mais feiticeira.

Uma curiosidade são algumas discrepâncias na dublagem brasileira até se chegar no nome “A Feiticeira”. Essas discrepâncias podem ser conferidas no dvd brasileiro da série, aonde podemos ouvir nomes como “As feiticeiras”.

Os remakes

Com certeza com a onda de remakes, não era de se esperar que o remake da série não sairia do papel, assim não foi apenas uma exclusividade do Japão ao produzir o remake dessa amável série dos anos 60.

O primeiro país a produzir o remake da série foi a Índia, feita também pela Sony, o canal produziu a versão local da série intitulada “Meri Biwi Wonderful”, o que daria o começo de muitos projetos parecidos.

Seguido do Japão, com a série Okusama wa majo, uma produção da Sony Pictures com o canal TBS. Lançada em 11 episódios entre janeiro e março de 2004, com um especial em dezembro do mesmo ano.

Em 2005, o remake viria nos cinemas, ao colocar a atriz Nicole Kidman e o ator Will Ferrel numa produção homenagem a série “A feiticeira”. Com certeza, mesmo com tantas homenagens ao seriado dentro do filme, não era esse tipo de filme que o público esperava.

Na Argentina, o canal Telefé (o mesmo de Chiquitita e Gran Hermano, versão Argentina de Big Brother) produziu em 2006 o remake batizado de Hechizada.

Outro país que optaria por um nome quase parecido foi o Chile, que também fez sua versão local da série a batizando de “La Hechizada”.

Okusama wa majo – A feiticeira em Tóquio

Arisa é fascinada pelos humanos e quer ser um deles, assim saindo do mundo dos bruxos e indo parar em Tóquio no Japão. Tentando ajudar uma senhora, por uma falcatrua de um concurso de apartamentos, aonde se você tirar a esfera dourada, ganha um apartamento duplex, Arisa acaba ganhando o prêmio, usando sua feitiçaria.

Acabamos conhecendo Joji Matsui, que trabalha numa agência de publicidade. Seu chefe é Ichio Suzuki e atualmente a agência está em maus lençóis ao ser incorporada por uma empresa de um cliente.

Arisa acaba conhecendo Joji, quando ela pega por engano o café gelado que ele ganhou na máquina de refrigerante da Coca cola. Alias, o merchandising da Coca cola nessa cena, vai até na explicação de como funciona a máquina que num sorteio aleatório quando você compra a bebida, pode ganhar outra. Arisa acaba gostando dessa brincadeira, assim levando varias moedas e brincando de ganhar outro refrigerante. Joji acaba gostando de Arisa, nesse encontro na máquina, o que gera uma amizade colorida.

Diferente do seriado original, Arisa e Joji se conhecem e desfrutam de uma bela amizade, até chegar ao casamento.

Surge Daria, mãe de Arisa, que não permite que sua filha tenha vindo ao mundo dos humanos. Tendo que aceitar a relutância da filha em voltar ao mundo dos bruxos, ambas acabam gerando brigas de magia, sendo em sua maioria vistos pela vizinha Maggy. Um dos momentos icônicos da série original foi excelentemente adaptado e modernizado, aonde a vizinha da frente, Maggy, tenta a todo custo convencer ao seu marido aposentado, Fuji, que sua vizinha do prédio da frente é uma bruxa.

Aceitando se casar com Joji, Arisa promete que não utilizara mais magia. Diferente do seriado original que foi uma imposição do marido, aqui Arisa diz que quer ser uma mortal, por isso deixara de usar a magia.

Para quem conhece o seriado original, com certeza deve ter identificado uma porção de referências ao seriado clássico, nesse texto. As homenagens não param por ai,entre elas a música tema do seriado original está entre as trilhas de fundo da série.

Muitas das perguntas que fazíamos no seriado original, sobre o mundo das bruxas, os japoneses não tiveram receio de responder. Arisa no primeiro episódio aparece num castelo com arquitetura totalmente européia que visualmente dá para se notar que se encontra em outra dimensão, pelos estranhos elementos mágicos que circulam o castelo, além de um gato preto que conversa com ela, antes de vir para nosso mundo. Outra pergunta respondida em poucos minutos do início da série é que os bruxos vem para o mundo dos humanos através de espelhos.

Entre as inovações e atualizações, tivemos uma personagem mais independente que foi a Arisa, desde o primeiro momento morando sozinha, como também sua relação com os mortais no mundo atual. Falando se num país que infelizmente ainda tem um posicionamento de pouca abertura as mulheres, com certeza Arisa quebraria esse tabu se fosse exibida fora do território japonês.

Música

A música clássica da série foi substituida por Magic In Your Eyes” de Tommy February. Honestamente a música não chega as pés da original, mas funciona.

A feiticeira Arisa Matsui foi interpretada pela glamorosa Ryoko Yonekura. Tendo como formação de bailarina, a atriz e modelo é uma das mulheres que representa o Japão atual. Ryoko nasceu no dia 01 de agosto de 1975, na prefeitura de Kanagawa. A atriz ficaria conhecida posteriormente por ser uma das protagonistas do seriado sobre a imigração japonesa no Brasil chamado “Haru to Natsu – As cartas que não chegaram”, no papel da Haru Takakura Ela pertence a agência Oscar Productions.

O papel de Joji, a versão nipônica de James, ficou a cargo do Harada Taizo. Ele é garoto propaganda das bebidas Asahi soft drinks, tendo estrelado em diversos comerciais. Não fez ainda muitos doramas, seu trabalho mais recente foi Enka no Joou.

A impagável mãe de Arisa, a personagem Daria, foi interpretado por Mari Natsuki. Quem assistiu Nobuta wo Produce, lembrara da atriz que fez o papel de Catherine na serie.

A versão oriental do chefe de James, o Larry, chamado aqui de Ichio Suzuki, foi interpretado por Takenaka Naoto. Ele é bastante conhecido por seus personagens secundários, como nos doramas Taiyou no uta e Hotelier. No cinema o ator participou de Azumi, Trick e Swing girls.

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Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

1 COMENTÁRIO

  1. Bom, metade da raça humana prefere Jeannie é um Gênio, metade A Feiticeira. Fico com Jeannie. De resto… bom, depois de Mahoutsukai Tai, não dá mais para ver a cena de alguém voando de vassoura com outros olhos. Nem Harry Potter consegue me tirar essa lembrança da cabeça. XDMas por algum motivo ainda dá uma trava mental ver outras pessoas fazendo esses papéis. Se bem que não duvido que deva ser bem melhor do que aquele filme com o Will Ferrell. 🙂

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