O lado ruim de ser Otaku…


Hoje o conceito de ser otaku no Brasil mudou muito parecendo até ser algo divertido, algo que define um grupo de pessoas que gosta de animações japonesas. Porém, há uns 10 anos atrás, não era assim não.

Voltemos a 1999 pra 2000, na época que tinha Animax, a revista Herói havia virado Heroi 2000 e tinha também a Comix. A revista Animax, dava toques que você pode ver animes não oficiais no Brasil, comprando via alguns sites na época, de fãs para fãs.
Nessa época, comprei varias fitas, de animes como Video Girl Ai, Spriggan, Neon Genesis Evangelion, Tenchi Muyo, Mahou Tsukai Tai, Utena, Guerreiras Mágicas de Rayearth Ovas, Slayers, Memories, Rurouni Kenshin ovas entre outros.

Pois bem, na escola, você sabe como é, todo filme americano mostra as tribos, e bom, eu era do grupo mais nerd da sala. Em 2000, eu sugeri fazer como tema de feira de ciencias, sobre animes e mangas, e preparei o conteúdo para isso.

Na nota final, tiramos 90, mas o grupo logo na semana seguinte parou de falar comigo. E bom, nesse grupo a idéia teve aceitação porque tinha dois descendentes de japoneses. Sei que depois daquele trabalho, nunca mais conversei. Encontrávamos no corredor, éramos da mesma sala, mas nunca mais conversamos.

Bom, as coisas só mudariam no terceiro colegial, quando refiz amizade com meus amigos antes de conhecer esse grupo, que foi amigos que estudei com eles desde o pré e acabei perdendo contato com os anos. Com eles, fiz diversos trabalhos em grupo até me formar. Engraçado que foi na mesma época que saiu os primeiros mangas no Brasil, me recordo que cheguei a fazer trabalho e no meio do caminho comprava Sakura Card Captor, Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball, Rurouni Kenshin e Guerreiras Mágicas.

Foram bons tempos, foi na mesma época que comecei a freqüentar eventos de anime, como Mangacon e Animecon. O primeiro na liberdade e o segundo era realizado na paulista.

Nessa época, eu conheci amigos que tinham os mesmos gostos que os meus, o Fernando e o Takeshi. Grandes amigos que me mostraram que não tinha nada de “errado” curtir anime, manga e animesongs.

Posteriormente, com o Fernando, em 2001, começaria a estudar japonês, no Bunkyo, mas não fui muito bem nos exames, desistindo. Irônico, que eu só voltei a escola em 2007, graças a Juliana, uma amiga descendente, que me arrastou pra lá, assim descobrindo que a escola tinha sido vendida pra Aliança.

Agora, as coisas mudaram muito em 10 anos, antigamente, era ruim curtir anime e manga. Pelo menos sofri represálias, lembro do grupo de amigos, eles zoavam ás vezes por curtir essas coisas, mesmo que eu emprestasse a eles muitas vezes e curtiam, logo falavam que era coisa de perdedor.

Tenho boas lembranças também da época que frequentava todo sábado a loja Animanga, na paulista. O pessoal jogava RPG e falava de animês dentro da loja, usando uma lan house do lado, como lugar pra jogar RPG. Muitos amigos que tenho até hoje, vieram dessa época que gostar de animê não era bicho de sete cabeças.

Lógico que hoje, adulto, vejo que relembrar histórias dessa da época de colégio é perda de tempo levar uma discussão assim. Hobbies são hobbies, e quando vejo casos como “Densha Otoko”, ou animes como “Welcome To NHK!”, percebo que nessa época, eu realmente me parecia muito como esses personagens. Sendo que me incomodava casos como Shinji de Evangelion, por sua timidez e fechar se ao mundo, vivendo em seu próprio mundo.

Hoje, 10 anos depois dessa época, trabalhei em diversos sites de internet, trabalhei em revistas com Anime Do, Neo Tokyo, Anime Kids e Crash, tendo mais de 200 matérias escritas pra esses meios. Realizei meu grande sonho que era viver no Japão e fiquei por lá durante 3 meses. Irônicamente não vejo tantos animês como antigamente, os trocando por outras mídias japonesas, como doramas, jmusic e a lingua japonesa, porém sinto saudades dessa época que cada animação me ensinava alguma coisa.

Vejo que a geração de jovens de hoje em dia se diverte e zoa em eventos estes bem maiores que os da minha época. O mais irônico é ver que essa nova geração está curtindo seus hobbies e até questionam quando falam que otaku é algo ruim.

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Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

3 COMENTÁRIOS

  1. Para ser sincero, comigo, até hoje, se eu chego em algum lugar onde as pessoas já não são conhecidas minhas e digo que curto anime, elas torcem o nariz grandão. Ainda bem que não tanto quanto no passado, mas ainda acontece. Chatão esse lance que você citou dos seus amigos pararem de falar com você . Essas histórias que você conta são bem bacanas. E sobre o post anterior, confesso que achei meio exagerada a pressão em cima dos artistas japoneses, não pode ser liberal demais mas também não pode pressionar tanto…coitada da Koda Kumi e do Kusanagi. Abs e até mais.

  2. Onde vivo pelo menos, as pessoas dizem que são otakus apenas por ser modinha, mas são verdadeiros posers, e isso me deixa triste. Me lembro de um dia que cheguei na sala de aula e estavam rindo e falando mal do mangá de One Piece e tratando como se fosse lixo.

  3. Hum curto todos esses mangás e animês q vc citou Giuliano, tenho coleção de Evangelion, Video Girl Ai, Sakura Card Captors (um dos meus favoritos junto com Evangelion) Guerreiras Mágicas, Gantz, Gravitation, Combo Rangers (q por sinal é colorido) um dos mangás q conheci e q comecei a ler recentemente é Death Note q por sinal é massa…também comecei a frequentar eventos de anime e mangá por volta dos anos 2000, me lembro q o primeiro evento q fui foi o AnimeCon na Anhembi Morumbi q fica perto da estação Bresser- Mooca, adorava aquela época, sinto muita nostalgia daqueles tempos…foi a época tbém q comecei a fazer curso de história em quadrinhos, mangá e caricatura no SESC….depois de algum tempo..2002, 2003 meus amigos começaram a ir nos eventos comigo

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