Crítica | Pânico 4

O post a seguir NÃO contém Spoilers ! Leia sem pânico.


10 anos após o último ataque de GhostFace, Sidney (a ainda linda Neve Campbell) volta à Woodsboro para promover seu recém lançado livro. A pequena cidade está mudada: Dewey (David Arquette) agora é xerife e Gale (Courterney Cox) é uma escritora decadente. Mas algumas coisas nunca mudam: Em meio ao aniversário do “Massacre de Woodsboro” e estréia do 7º Stab (a franquia de filmes que surgiu na trilogia original baseada no livro da Gale sobre as mortes do 1º Pânico) GhostFace volta a promover um banho de sangue. Mas o que o assassino pretende e o mais importante: quem é ele dessa vez?

Falar que Pânico reinventou os filmes slashers é usar frase feita, mas no caso não há como fugir dela. Quando o primeiro filme foi lançado, lá no longínquo 1996, o gênero estava agonizando há algum tempo. O que saía eram coisas esquecíveis, como Jason Vai Para o Inferno (1993), Halloween 6 (1995) e similares. Foi quando Wes Craven, criador de nada menos que A Hora do Pesadelo resolveu revitalizar o gênero e nos trouxe Pânico. O novo filme logo chamou a atenção por, diferente da esmagadora maioria de Slashers que veio antes, desenvolver os personagens a ponto de fazermos nos importar com eles e sentir suas (quase sempre inevitáveis) mortes.

Outro ponto diferencial e o que mais me atraiu à Pânico foi o próprio assassino. Diferente de Jason, Michael Myers e outros, Ghostface era um simples humano (ok, humano doido). Não tinha nada de sobrenatural. Não alcançava suas vítimas apenas caminhando, não tinha força sobre-humana. Ele corria, tropeçava, apanhava ou seja: dava duro pelo direito de esfolar suas vítimas. Vejo gente falando que o Ghostface é galhofa exatamente por essa característica mais realística dele. Mas queria ver se um cara mascarado vindo pra cima de você mesmo tropeçando e caindo ia achar engraçado. Acho que o primeiro Todo Mundo em Pânico colaborou pra essa aura de palhaço que se formou em torno do Ghostface.

Tudo bem que eu goste do Jason e sua habilidade de cortar uma pessoa ao meio com seu facão enferrujado mas o estilo frenético do Ghostface também é legal. Outra coisa que sempre gostei em Pânico é que o Assassino era desconhecido. Qualquer uma das vítimas poderia também ser o assassino. E essa aura de mistério sempre me atraiu. Em Pânico 4 eles souberam jogar as suspeitas sobre vários personagens. Tanto que eu não consegui descobrir quem era o GhostFace até a máscara ser tirada. E gostei do resultado.

Wes Craven decidiu inovar e brincar com os Clichês do Gênero. Quem nunca se incomodou com a falta de interesse pelas notícias que os personagens de Sexta-Feira 13 tinham? Eles nem se preocupavam com o fato do lugar onde eles iriam acampar haver sido palco de um massacre na noite anterior. Na série Pânico isso não acontece. Os próprios personagens eram fãs de filmes de terror e sempre faziam questão de listar as “regras” do gênero. O que rendia homenagens bacanas a outros filmes como quando os personagens se reúnem para assistir Halloween, e as famosas perguntas que Ghostface fazia por telefone aos futuros habitantes do necrotério.

Agora vamos falar do filme novo que é o que importa.Mantendo a tradição, Pânico 4 vem para mexer nos clichês que o Gênero adquiriu nesses 10 anos(arredondando) que separam Pânicos 3 e 4. Já li em alguns lugares dizendo que fizeram “homenagens”, mas para mim estão mais para críticas. Em certo momento, por exemplo, uma personagem diz que “Jogos Mortais perdeu a graça porque virou apenas uma desculpa para banho de sangue sem sentido” E quem pode discordar disso? A própria franquia é parodiada dentro do filme na já citada estréia de Stab 7, mas o enredo do filme se foca na modinha atual: os remakes. Não gosto de usar frases de textos de outros nos meus posts, mas vou abrir uma exceção: em sua critíca do filme, Maurício Saldanha, do Cabine Celular e do Rapaduracast, disse que Pânico 4 foi o meio que Wes Craven encontrou para dizer: “Ninguém vai fazer remake do meu Pânico! Se alguém for fazer que sejamos nós mesmo! E no nosso estilo” E concordo com ele. Se alguém for continuar com Pânico que seja quem entende do assunto.

Um amigo costuma dizer “Remake Pra quê?” E normalmente, mesmo que eu tenha gostado dos Remakes de Sexta-Feira 13 e a A Hora do Pesadelo, concordo com ele. Remakes, reboots, restart (que é o que Crepúsculo vai ter quando quiserem reiniciar a franquia) ou seja lá como queiram chamar, são inúteis. Acredito que quem quiser conhecer esses filmes, que vá atrás dos originais. Mas em Pânico souberam usar a idéia do remake de uma forma tão original que ficou muito bom. Sem ver o filme fica difícil entender, mas Pânico 4 trata de um remake dentro da cronologia normal do filme. Não! Nada que vá alterar nada que vimos nos três filmes anteriores pois como dito em uma certa parte por uma personagem uma das regras (quase nunca lembrada) de um remake é “Não mexa com o original!”

Pânico 4 soube manter o clima que existia no filme original. Aquela sensação de “Falsos sustos”; onde o personagem (e você por tabela) se assusta com uma planta estrategicamente colocada. Alguém surgindo de repente na porta está toda aqui. Claro que tem horas que o riso é inevitável, mas tudo isso faz parte da atmosfera do filme. Achei este Pânico um pouco mais sangrento que os anteriores. Mesmo que as mortes não sejam explícitas, não lembro de ter visto tripas expostas na trilogia anterior.

Gostei das atuações de todo mundo: o trio de atores veteranos se encaixou bem com os novatos. Hayden Panettiere, Emma Roberts e até o Rory Culkin (Irmão do Macaulay Culkin) que estava sem graça em Scott Pilgrim, aqui manda bem (mas ainda tem uma cara de quem não dorme há um mês). E o melhor é que trouxeram Roger Jackson para novamente fazer a voz marcante de Ghostface. Outro ponto que quero destacar é o roteiro do Kevin Williamson, que não deixa o filme se tornar maçante. O ritmo é muito bem distribuído e todas as tiradas a outros filmes confirmam que fez falta ele não ter continuado em Pânico 3 até o final.

Claro que mesmo estando no nível do 1º filme que considero o melhor, ainda assim existem uma ou outra falha como o Dewey ter sido um peso morto no filme inteiro praticamente não participando da ação. E não sei como ele chegou a xerife: sua mira continua ruim de doer. E teve umas coisinhas no final que me incomodaram. Não! Nada em relação ao desfecho em si. Só que eu acharia melhor se fosse feito diferente. Mas deve ser implicância minha. Mas o saldo do filme acaba bem positivo.

Enfim! Se você gosta de Pânico, em especial do 1º com certeza vai gostar de Pânico 4, uma ótima retomada da franquia. Wes Craven é gênio. E antes de terminar responda: qual seu filme de terror favorito?

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Redator da coluna JWave Cine falando das principais novidades do cinema e autor do blog Clarim Diário.

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