Review | Platinum End, dos criadores de Death Note e Bakuman

JMangá 55 post

YO! Aqui é o Rafael, e hoje estou aqui trazendo uma nova abordagem pro JWave. Quem leu minha coluna falando sobre o Halloween no Japão, já viu no final o quanto eu fiquei empolgado com Platinum End, novo mangá de Takeshi Obata e Tsugumi Ohba. Como minha empolgação não passou até agora, resolvi trazer um pequena review com minhas primeiras impressões sobre o mangá, e minhas expectativas com o que está por vir.

Em primeiro lugar, é necessário dizer que eu sou um grande fã da dubla Obata e Ohba. Acho Death Note um mangá incrível (apesar de guardar várias ressalvas quanto ao desenvolvimento dos personagens), e sou um fã entusiasta de Bakuman. Enquanto lia esta última série, ficava por um lado extremamente impressionado com a quantidade de ideias que estes dois autores traziam para os mangás escritos por seus personagens, e por outro desesperado por ver tantas ideias incríveis serem “desperdiçadas”, já que eles dificilmente poderiam publicar todos aqueles mangás, e se outro autor o fizesse seria um plágio.

Porém, uma coisa ficou clara ao ler Bakuman, esta dupla ainda poderia render muitas boas histórias, e essa expectativa permaneceu durante os mais de três anos que ficamos sem novidades, desde o final da série. Porém, em outubro de 2015 uma versão Live-Action da última série foi ao ar nos cinemas japoneses, e ao assisti-lo eu entendi porque a dupla passou tanto tempo em “hiato”. Obata aparentemente trabalhou arduamente criando páginas e mais páginas que foram usadas em todo o filme, e Ohba provavelmente criou alguns roteiros que não foram mostrados em tantos detalhes na história original. Não apenas isso, no mesmo mês foi anunciado que uma nova série da dupla estrearia na edição de dezembro (curiosamente lançada em 4 de novembro, não me pergunte) da Jump SQ, casa de algumas séries bastante conhecidas, como Ao no Exorcist, Owari no Seraph, To Love Ru, e antigo lar de séries como D.Gray-man e Claymore. A Jump SQ é uma revista limítrofe, ou seja, suas séries transitam entre os limites do gênero shonen e seinen. O que isso significa? Que para quem achava que Death Note era “maduro” para a faixa etária da Jump, pode esperar por uma abordagem ainda mais ousada em Platinum End, que não precisa se preocupar com a forma quadrada da Weekly Shonen Jump. Enfim o dia 4 de novembro chegou, e eu fui até a loja de conveniência mais próxima para encarar a revista e decidir se eu iria comprar ou se iria ler emprestada. Ao ver esta capa, qual reação vocês acham que eu tive?

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Sem mais delongas, vamos ao primeiro capítulo (cuidado, pode conter algum spoiler, apesar de eu ter tentado evitar ao máximo). Começando com uma sequência de quatro páginas coloridas temos a figura recorrente de anjos de gesso. Na primeira página esse anjos rodeiam uma desenho infantil de uma família feliz, ao virar a página temos o protagonista sombrio com sua anja, e em seguida começa a narrativa em ambiente escolar num tom bastante alegre, lembrando o clima de Bakuman. Somos apresentados então a Mirai, um jovem japonês que acaba de se formar no colegial, mas diferente de seus amigos que estão em comemoração, ele parece sofrer de depressão. No caminho de volta para casa ele pensa em roubar um pão, mas acaba devolvendo à prateleira. O garoto então sobe até o terraço do prédio onde vive, e ao pular para acabar com sua própria vida murmura que gostaria de ter sido feliz. Eis que, durante a queda ele é salvo por sua anja da guarda, que revela que veio fazê-lo feliz. Ainda cético, o garoto recebe da criatura celestial os poderes da “Liberdade” e do “Amor”. Liberdade é um par de asas que permite que ele se locomova rapidamente sem ser notado, e vemos a demonstração desse poder, com Mirai voando por uma área metropolitana que parece Manhatan, e em seguida para uma pirâmide maia. Até este momento sabemos que o garoto perdeu os pais ainda na infância num acidente de carro, e desde então passou a ser criado pelos tios, que após um tempo passaram a maltratá-lo e fazê-lo de escravo.

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O poder do “amor”, por sua vez é uma flecha que faz com que seu alvo ame-o incondicionalmente por 33 dias, sendo assim completamente controlado. Neste momento vemos o toque especial de Ohba, ao relativizar valores de bem e mal. Mirai questiona a anja por dar-lhe poderes como controlar pessoas, e sugerir que com as asas ele pode até mesmo roubar sem ser notado, dizendo que essas atitudes são mais apropriadas para demônios, ao que ela responde que humanos tendem a julgar coisas como “angelical” ou “demoníaco” mesmo nunca tendo tido contato direto com nenhum anjo ou demônio. E finaliza revelando que os tios que ficaram com a guarda de Mirai foram os responsáveis pela morte de seus pais. O rapaz, que até então mostrava-se cético e sem motivação, desperta a partir dessa revelação, e resolve usar a flecha para arrancar uma confissão da tia.

Não vou entrar em mais detalhes para não estragar a surpresa daqueles que vão ler, mas adianto que Mirai ficará bastante chocado ao descobrir a dimensão de seu poder de controle mental. Diante de uma cena devastadora envolvendo seus tios, ele lembra do desejo de sua mãe de que ele fosse feliz, e resolve aceitar o auxílio da garota celestial para isso. Nas cenas finais do capítulos vemos um flashback, mostrando que Deus está querendo se aposentar, e enviou seus treze anjos para a Terra com a missão de encontrar o humano que se tornará o novo Deus, e o anjo se tornaria seu braço direito. Com isso fica a dúvida de como se desenvolverá essa disputa entre os treze candidatos ao cargo, mas qualquer que seja a abordagem, podemos esperar o clima de contestação e relativização de valores, que vimos desde as primeiras páginas de Death Note.

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Quanto à arte, sou suspeito pra comentar, pois considero Obata um dos mais habilidosos mangakás de todos os tempos (perdendo apenas para o Takehiko Inoue), nota-se uma grande evolução desde o primeiro trabalho da dupla, tendo um dinamismo reforçado (como já era possível constatar em Bakuman), e em especial as ilustrações dos anjos tem uma excelência técnica impecável. Este é mais um ponto forte da publicação na Jump SQ, que é mensal, logo propiciará um tempo maior para a arte-finalização. Quanto à dupla de protagonistas, pode-se dizer que Mirai funde a seriedade e o porte de Light, com uma feição mais melancólica que lembra o L (inclusive, em alguns quadros, devido às olheiras e ao cabelo mais longo, ele se parece muito com este último), já a anja Nasse tem um pouco da elegância de Aoki Ko, com algumas expressões mais infantis como as de Misa e Kaya.

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Ambos os personagens demonstram já nesse primeiro capítulo terem valores bastante controversos, que não correspondem à dualidade bem e mal que estamos acostumados e até mesmo saturados. Então podemos esperar por mais uma história surpreendente cheia de questionamentos, jogos psicológicos, dramas e uma arte de encher os olhos. Mal posso esperar pelo próximo capítulo. Se você é daqueles que, como eu, ficava instigado a cada nova ideia de série do Ashirogi Muto, não pode deixar de ler Platinum End.

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Rafael Vinícius Martins
Rafael Vinícius Martinshttps://daisukeinkyoto.wordpress.com/
Jovem otaku/geek/nerd, mestrando em Literatura Comparada na Universidade de Kyushu, tendo como foco culturas de massa (animê, mangá, light novel). Membro do clube de acapella HarmoQ, e viciado em livrarias e lojas de produtos de animê. Facebook: https://www.facebook.com/daisuke.h0j0 Instagram: @daisuke_h0j0

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