Vivendo no Japão #04: Um Otaku no Japão

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Yo! Depois de ter ficado uma semana sem postar, estou agora a todo vapor!

Nas minhas três primeiras postagens aqui eu falei um pouco sobre meu histórico e sobre a universidade de Kyushu. Na semana passada, saí um pouco da seriedade para relatar a experiência cultural do Halloween no Japão. No meio do relato, mencionei minha passagem pela One Piece Store. Imagino que alguns devam ter ficado curiosos sobre a loja, então pra hoje, resolvi preparar uma postagem especial sobre como é ser um “otaku” no Japão contar um pouquinho sobre as lojas que temos por aqui, etc.

(Antes de mais nada eu preciso esclarecer que eu sou estudante de cultura japonesa e eu sei de todo o conceito que o termo carrega. Porém, quando eu aplico essa palavra, estou usando no sentido que se consolidou fora do Japão, de fã de animê e mangá. Dito isso, vamos entrar no assunto principal.)

Quem me conhece há mais tempo sabe que eu já vivi em Kyoto por um ano, nesta época frequentei bastante Osaka, e também fiz duas viagens para Tokyo. Por que estou dizendo isso tudo? Porque estas são regiões muito “ricas” para otakus. Tokyo não é nem necessário falar, além de Akihabara, que é o paraíso na terra, ainda há diversas outras áreas que reúnem diversas lojas de encher os olhos de qualquer fã de animê, ou ainda que foram cenário de nossas séries favoritas.

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Entre elas posso mencionar:
Shibuya – grande área comercial e de diversão, foi cenário de animês como Chaos;Head e do game The World Ends With You, indispensável para fãs de música por suas lojas magnânimas, e também é o local onde fica a estátua do cão Hachiko, cuja história inspirou filmes, e personagens de mangás (como o cão da primeira ilha visitada por Luffy, e o apelido da Nana Komatsu em Nana).
Ikebukuro – lar da Otome Road, rua cheia de lojas de animês e mangás, porém em sua maioria mais tematizada para o público fujoshi (pra quem quer comprar yaois, aqui é seu lugar), e cenário icônico de Durarara!!
Odaiba – Nome famoso entre os fãs de Digimon, em Odaiba fica o famoso prédio da Fuji TV (destruído durante o ataque de Miyotismon), mas também é onde fica o Gundam em tamanho real (assim como o Gundam café, e um pequeno museu Gundam), onde o navio dos chapéu de palha aporta por um período durante o verão e onde é realizado o Comiket.
Nakano Broadway – Talvez o nome menos famoso desta lista, nesta região há um grande conglomerado de centros comerciais cujo andar superior é praticamente inteiro tomado por lojas de mangás e goods de animê de segunda mão. Um verdadeiro ponto de caça ao tesouro.
Sem contar, é claro, a saudosa Torre de Tokyo, que figurava os pesadelos de nossa querida Sakura, e quase todos os heróis do CLAMP.

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Já Osaka tem sua própria “versão” de Akihabara, a região de Nipponbashi. Assim como em Akiba, ali estão reunidas lojas de eletrônicos, games e animês… tudo pra vc perder um final de semana inteiro sem perceber.
Kyoto, por sua vezes, não possui uma área voltada para o público Otaku, suas poucas lojas especializadas ficam espalhadas e pela região comercial central. Porém, em Kyoto você encontra o incrível Museu Internacional do Mangá (que era bem perto da minha casa, por sinal), que contém um acervo gigantesco de mangás, que não dá pra dar conta de ler nem em uma vida, além de ter exposições especiais frequentes e reunir cosplayers todos os finais de semana. Kyoto também é um dos destinos prediletos das viagens escolares dos mangás, e você com certeza já viu a icônica cena do Rin (Ao no Exorcist), empolgado com a não-tão-empolgante-assim torre de Kyoto, ou a visita à Vila do Cinema pelos personagens de Negima, ou ainda o esplendoroso templo Kiyomizudera, cujas escadarias figuram praticamente todas as viagens para Kyoto. Vale lembrar que em 2013 foi ao ar um animê totalmente situado na cidade, chamado Uchouten Kazoku.
Ainda na região de Kansai, próximo a Kyoto e Osaka, fica a pequena cidade de Takarazuka, berço do teatro feminino, que inspira muitos shoujos, e também, poucos sabem, terra do Deus do Mangá, Osamu Tezuka. A cidade totalmente temática para o turismo relacionado ao teatro, esconde um pedacinho de um sonho, num prédio que abriga o museu do Tezuka. É um daqueles lugares que você deve ir uma vez na vida.

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E ainda nem mencionei o Museu do Ghibli e a Disneyland em Tokyo, o Universal Studios em Osaka, e os Pokémon Centers, que existem em várias cidades do Japão, inclusive nestas duas.
Dito tudo isso, chegamos finalmente em Fukuoka. Bem, Fukuoka fica bem afastada do eixo Kyoto-Tokyo, separada da ilha principal do Japão, na longínqua Kyushu. Fukuoka também não é um destino tão popular quanto Kyoto nas histórias, e não possui sua própria versão de Akihabara. Mas nem por isso os otakus aqui devem sentir-se desolados. Mas por hoje, acho que já falei demais, então na semana que vem eu volto pra falar realmente como um otaku se vira por aqui.

(TO BE CONTINUED…)

PS. Minha “Weekly obsession” é… One Piece! Ok, quem me conheceu por estes posts pode apontar que eu sou um viciado em One Piece, visto que 2, das minhas 3 weekly obsessions, foram relacionadas à ele (O boné e o Cosplay do Law). Mas veja bem, eu nunca me considerei um fanático por One Piece. Eu não coleciono o mangá, nunca assisti a nenhuma temporada do animê, não devo saber de cor o nome de nem metade dos personagens, e com certeza não sei o nome de metade dos ataques do Luffy. Por outro lado, eu li o mangá todo (e acompanho semanalmente), e considero provavelmente o melhor arrasa-quarteirões da Jump (e nem me fale em Hunter X Hunter, porque eu não acho Togashi tudo isso). Porém, ele nem passa pela minha cabeça quando alguém me pergunta sobre meus animês favoritos.
Acontece que, recentemente me dei conta que, parado no meu quarto, agora, se eu olho pra mesa à minha frente, ela é forrada por uma toalha de mesa do One Piece, à minha esquerda o Luffy me encara sorrindo sinistro da minha toalha de banho, no meu guarda roupa uma ecobag da One Piece Store escorrega pela porta, na parede o cartaz de procurado do Law, espalhado pela cama boné, chapéu, bandana, protetor de ouvido, chaveiro, action figure do mesmo personagem. Volto então os olhos pra mim mesmo e percebo que minha bermuda de dormir também é do One Piece, se bobear também estou usando uma das minhas cuecas do One Piece. Se por um lado isso pode parecer fanatismo, por outro, só mostra quanta mercadoria inspirada na série tem, a baixo custo e fácil acesso em qualquer canto do Japão.

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A razão para eu ter citado como minha obsessão da semana, no entanto, é outra. Essa semana enquanto passeava por entre as prateleiras das minhas lojas favoritas, me deparei com a edição 78 do mangá numa pilha em destaque. Esta edição já havia sido lançada há meses, mas só ao vê-la em destaque parei para prestar atenção na informação contida na luva sobressalente. Eu provavelmente já tinha visto esta notícia anteriormente, mas só agora fui tocado por ela. A luva comemorava a entrada da série no livro dos records, como a história em quadrinhos de um artista solo com o maior número de cópias impressas do mundo. Eu acho que nem preciso dizer mais nada, só puxar uma salva de palmas para o Oda, que há quase vinte anos vem publicando a série, quase que ininterruptamente, sem perder a linha, e sempre trazendo uma maior profundidade, pois quem acompanha a história toda, sabe que aquele mundo aparentemente maluco, esconde na verdade um cenário político bastante rico, que o autor vem desenhando aos poucos. Parabéns Oda, você carrega não apenas do legado do Toriyama, mas de toda a história da Jump e do shonen mangá.

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Rafael Vinícius Martins
Rafael Vinícius Martinshttps://daisukeinkyoto.wordpress.com/
Jovem otaku/geek/nerd, mestrando em Literatura Comparada na Universidade de Kyushu, tendo como foco culturas de massa (animê, mangá, light novel). Membro do clube de acapella HarmoQ, e viciado em livrarias e lojas de produtos de animê. Facebook: https://www.facebook.com/daisuke.h0j0 Instagram: @daisuke_h0j0

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