Cultura Japonesa | Book Off: Quando o conceito de usados vira grife

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Fundado em 1990, a loja Book Off não é uma livraria normal, já que vende livros usados, ou de segunda mão. Diferente do Brasil, aonde esse tipo de lugar, chamado aqui de sebos, são normalmente lugares nada agradáveis, o conceito da Book Off é de uma loja igual a uma livraria normal.

Inicialmente quando você entra numa loja da rede, nem passa pela sua cabeça, que ela trabalha com produtos de segunda mão. Muito disso, é a forma que ela vende os produtos na loja, como todo o ambiente que oferece ao consumidor.

Essa é uma das lojas que faz falta no Brasil, principalmente no segmento de livros e CDs, onde hoje, existe uma enorme gama de produtos esgotados e que dificilmente são encontrados por colecionadores. E é justamente nesse ponto, que apresentamos o conceito que a Book Off existe e lidera no Japão, ao de produtos de segunda mão.
O conceito de usados

No Japão diferente do Brasil, os japoneses têm o costume de cuidar de tudo que eles compram o máximo possível. Mesmo aparelhos eletrônicos têm milhares de acessórios para prolongar a durabilidade do produto. Talvez por isso, que dizem que aparelhos são encontrados intactos e gera a lenda que os japoneses joguem produtos novos no lixo, mas o conceito de inteiro e durabilidade para eles é bem diferente da nossa no Brasil.
Na indústria dos videogames, o que mais preocupa as produtoras no Japão, não é a pirataria que é quase inexistente por lá. Porém, a venda de jogos usados recém lançados gera bastante dor de cabeça para as empresas, justamente porque as vendas de jogos recém usados não geram o lucro da produtora. Toda loja de videogames, tem sua seção de usados, onde os mesmos jogadores que compraram o lançamento dias antes, vendem o jogo por diversos motivos diferentes. Isso é tão normal que praticamente todas as lojas do segmento, tem frases nas fachadas de suas lojas, incentivando a venda de jogos usados. A preocupação foi tanta que ano passado cogitou-se uma lei de proibição de jogos usados lançados recentemente no Japão.

Independentes disso, diversos itens como livros, DVDs, mangás, animes, sempre são passados pra frente, em lojas de segunda mão. Diferente do Brasil, as lojas do Japão têm certo charme e às vezes nem parece que vendem itens de segunda mão. Isso se deve ao conceito de percepção e cuidado da população japonesa, que nesse ponto é bem diferente do brasileiro, por isso um produto usado japonês, é visto como novo, por olhos brasileiros.
Como tudo começou

A primeira loja da Book Off, nasceu no dia 2 de maio de 1990, no bairro de Sagamihara, na prefeitura de Kanagawa. Nascendo como uma pequena loja de 116 m₂, o conceito da loja desde sua formação era vender livros com alta procura, mais exatamente os “Best Sellers”.

Para chamar atenção do público nipônico, a Book Off eles criaram toda uma estratégia que chamava o povo a vender seus livros pra loja. Utilizando da frase “Por favor, venda seus livros para a gente”, a Book Off sendo dizendo “Nós iremos pagar preços altos pelos seus livros”.

Atualmente, mais de 200 milhões de livros circulam atualmente na rede Book Off, realçando que o conceito de segunda mão dá certo no Japão.
A companhia é líder no segmento, tendo um market share de 60,9% do mercado nipônico.

Hoje, a companhia vai para novos caminhos, sendo uma delas a Book Off online, para comprar livros, CDs, jogos, mangás e animes, pelo site da companhia. Outro conceito desenvolvido pela companhia foi a Book Off Store, construída na estação de Jiyugaoka. Tendo cafeteria, e com foco todo direcionado a Jazz, principalmente em artistas da música pop japonesa, o jpop.

A companhia se tornou líder e símbolo de sucesso em 10 anos e sua formula de sucesso está ligada a filosofia de seu presidente Hiroshi Sato, de construir uma empresa.

“A Companhia é formada por uma equipe de verdadeiros líderes que consideram seriamente o crescimento e a felicidade dos trabalhadores a tempo parcial em nossas lojas e trazer o melhor deles.” – Hiroshi Sato
Uma grife que deu certo no Japão e agora no mundo

Engana-se que a Book Off se encontra apenas no Japão, o sucesso da loja já chegou na Coréia, na França, no Canadá e nos Estados Unidos. Tendo lojas internacionais em Nova York, Los Angeles, Sandiego, Havaí, Paris, Vancouver e em Seoul, Book Off é uma grife que faz diferença.

Seria muito bem vinda, uma loja desse segmento no Brasil, para nós valorizarmos esse tipo de mercadoria que é trabalhada tão mal por aqui. Talvez, a loja nem desse certo por essas bandas, já que ainda não aprendemos a dar valor a produtos antigos e nem no seu valor de raridade. Será que estamos prontos pra esse tipo de conceito? Prefiro acreditar que sim.

As grifes de segunda mão no Japão

Se por um lado a Book Off é líder no quesito livros e CDs, existem outras lojas que trabalham com o nicho, como a Mandarake, voltadas para brinquedos antigos para colecionadores no Japão.

Outra franquia que veio inspirada no nome da Book Off foi a Hard Off, que vende tudo relacionado a eletrônico, podendo encontrar, televisões, câmeras digitais, computadores e videogames.

No caso da Mandarake, ela tem diversas lojas em Tokyo, sendo sua filial na região de Nakano, onde podem ser encontradas muitas coisas interessantes. Essa loja que tem filiais em Nagoya, Sapporo, Osaka e em Akihabara é um caso a parte e merece uma atenção toda especial.
Acessível a todos os bolsos

Os preços dos produtos de uma Book Off sempre são diferentes entre si, por isso uma pesquisa sempre é bem vinda se você procura baixos preços. Mas sempre preste atenção no que vai comprar já o barato pode sair caro, com um CD sem o encarte, ou um DVD raro, com a embalagem quebrada, sem um extra, ou pior, com um disco riscado.

Para ter uma noção de valores, um volume original em japonês do mangá School Rumble pode ser encontrado por 200 ienes, o que em reais seria algo em torno de 5 reais e 50 centavos (compare com um volume em português que hoje custa em torno de 10 a 12 reais). Eu comprei numa das filias da loja, o show do grupo SMAP em DVD triplo por 980 ienes, aproximadamente 23 reais. Os preços são realmente em conta e o estado do produto são intactos parecendo novos.

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Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

2 COMENTÁRIOS

  1. Eu gasto coisa de 200$ por mês em sebos, e compro o equivalente a 1500+$ em livros e gibis. Comprei coisas como Piada Mortal e Mai a Garota Sensitiva, tudo em ótimo estado e tal.Aqui, existem três sebos muito bons, com ar condicionado e tudo, ambientes extremamente grandes e tal, com direito à computador para pesquisar títulos e a reserva de livros.Claro que nem todo lugar é assim, mas fiquei com inveja dos japoneses ^^

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