Vivendo no Japão #12: Tudo o que um Otaku quer ver em Tokyo

10660233_1029912833737006_4802436843191731627_nAh… Já estou com vergonha de começar tantos posts com pedidos de desculpas por atrasos. Mas realmente, desde a minha volta de Tokyo foi um período meio corrido de leituras, relatório e estudos. E desde a gravação do vídeo que publiquei há duas semanas, ainda não tive tempo de sentar pra escrever (até porque meu computador tá sofrendo de soluços crônicos, o que torna qualquer atividade nele uma luta).

Mas estou aqui para contar um pouquinho sobre como foi a minha viagem por Tokyo, os lugares que passei e que podem ser interessantes para fãs de animê que vão para lá. Ainda estou devendo um texto sobre o Comiket, mas esse quero escrever com mais calma, então devo deixar para uma das próxima semanas, após escutar cuidadosamente JWave #281 e tomar notas para poder dar uma visão complementar. Por isso, aguardem um pouquinho mais.

Primeiramente preciso lembrar que esta foi minha terceira viagem para Tokyo, e desta vez estava com um grupos de amigos, que eu levei para conhecer alguns lugares que considerava interessantes. Nosso primeiro dia (28/12) foi bastante curto, pois chegamos no final da tarde, então fomos para Shibuya. Este é o bairro onde se passam as histórias de Chaos;Head e The World God Only Knows, e é onde foi esguida a estátua do cão Hachiko, que é referenciado em muitas histórias, e que recentemente caiu nas graças de pessoas do mundo todo por causa filme Sempre ao seu lado. Em Shibuya jantamos no Sweets Paradise (lembra aquela rede de restaurantes que mencionei em Vivendo no Japão #05: Um Otaku em Fukuoka ?). A decoração daquela loja era do mangá Hana Yori Dango, e tinham painéis com os personagens principais para tirar fotos interativas). Nesta noite ainda fomos à outra rede que eu amo, o Village Vanguard, também mencionado naquele texto. E olha, se o VV de Shibuya não é o maior, é um dos. Você entra na loja e se perde entre tantas prateleiras com produtos dos mais interessantes aos mais bizarros, uma infinidade de mangás e goods relacionados a animês, games e cultura pop em geral. É uma verdadeira tentação e um perigo para o bolso.

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Já nossa segundo dia consistiu do Comiket, no Tokyo Big Sight, e em seguida uma passagem rápida pelo Diver Tokyo, o shopping de Odaiba em que fia instalado o Gundam em tamanho real. O shopping também possui diversos outros atrativos, como o museu do Gundam, e lojas e exposições de cultura pop. Desta vez vimos uma estátua incrível do Sheng Long com o Freeza. Odaiba ainda tem muitos outros pontos interessantes, como o museu de estátuas de cera da Madame Tussauds, e o prédio da Fuji TV (aquele destruído no ataque do Miyotismo em Digimon Adventure), mas não tivemos tempo de visitá-lo.

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No terceiro dia resolvemos explorar Akihabara. Akiba é conhecido como o paraíso otaku, mas quando os japoneses dizem otaku, eles estão falando de OTAKU. Ou seja, apesar de ter sim muitas lojas incríveis para o público em geral, o grande foco de Akihabara são os “otaku hardcore”, ou seja, sua principal especialidade são os produtos eletrônicos (muamba), e material fanserice, e fanservice pesado. Ainda assim, é um local que você tem que visitar se você gosta de animê. Seja para conhecer a meca dos otakus, o pelo pequeno centro de exposições do Tokyo Anime Center, ou por uma passada no delícioso e viciante Gundam Café, ou ainda pra tirar uma foto na frente do prédio da Radio Kaikan (aquele atingido por um satélite em Steins;Gate). Não contentes com isso, ainda voltamos a visitar Akiba no dia 2 de janeiro, quando procurávamos por uma mala para enviar nossas compras de volta para Fukuoka).

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Dia 31 partimos de Shinjuku e passamos pelo Meiji Jingu, até chegar em  Harajuku. Este não é um bairro tão popular entre os “otakus”. Aliás, pode-se até dizer que Harajuku é a antítese de Akihabara. Mas é muito conhecido entre os amantes de cultura japonesa, por ser a passarela das Gyaru (ou Harajuku Girls, como a Gwen Stefani gosta de chamar), das Lolita, e de todo tipo de moda subervisa pela qual Tokyo é famosa. Curiosamente é que você encontra as maiores lojas de cosplay, misturadas a lojas de todos os tipos de roupas. Até eu que não sou muito ligado em moda fiquei desesperado querendo sair de lá me vestindo melhor (e comprei aquela jaqueta linda).

Acordados do ano novo, fomos explorar o meu lugar favorito em Tokyo: Ikebukuro. Este que é o resort do lazer. Restaurantes, lojas re roupas, entretenimento, shoppings centers labirínticos, as maiores lojas de animê que você já viu na vida. Tudo isso está em Ikebukuro. E se alguém ainda precisa de detalhes, é o cenário do animê Durarara. Além disso, é onde fica localizada a Otome Road, uma rua com lojas inteiramente voltadas para esse nicho do mercado de animês e mangás, contendo um incrível acervo de produtos que fazem maior sucesso com o público feminino (e veja bem, não são obras shoujo em sua maioria, vide o já mencionado Durarara, e ainda obras como Kuroshitsuji, Haikyuu, Code Geass, etc), além da coleção de mangás e doujins Yaoi. Mas não só de fanservice Fujoshi vive Ikebukuro. O bairro tem uma animate imensa, que eu diria que é muito mais bem estruturada que a de Akiba onde é possível encontrar uma variedade de produtos. Ainda em Sunshine City (um complexo de shopping centers que vai de uma extensa área subterrânea, até vários andares – tendo inclusive um aquário), temos Pokémon Mega Store e o J-Word, um pequeno parque de entretenimento do selo  Jump Comics.

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No dia 2, fomos ao palácio imperial, onde multidões se reuniam para ver o discurso imperial, e antes de nos dirigirmos para Akiba novamente, vagamos pela região central de Tokyo, recheada de sebos e lojas de esportes, onde tentamos visitar o prédio da Shueisha, onde é editada a Shonen Jump. Por fim, no dia 3 voltamos a Shibuya, visitamos a Disney Shop incrível, que parece um verdadeiro castelo encantado, a One Piece Store de lá, que faz você tremer de emoção ao entrar numa sala e de repente se ver dentro do Thousand Sunny, e outras lojas ao redor, no andar de cultura otaku do shopping Parco.  Na outra metade deste dia nos dirigimos para Miitaka onde fica situado o Museu do Ghibli, em meio a um parque muito bonito e agradável, que dá vontade de morar perto só pra passear naquele parque com o cachorro, sabe?

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Voltando ao museu. São 3 andares de mundo da fantasia. A primeira coisa que você precisa saber é que para conseguir uma entrada, você precisa comprar com pelo menos um mês de antecedência numa loja de conveniência da rede Lawson, ou no site de ingressos da rede.  É necessário também estar consciente de que o museu é mais um museu do Miyazaki do que do Ghibli, e que ele é cuidadosamente projetado para crianças (mas com muita informação interessante para os adultos). Há diversos formas de interação, cenários tirados do filme (como a bica d’água que aparece em Totoro), exposições sobre técnicas de cinema e de animação, assim como de obras. O museu proíbe que se tire fotos dentro dele, essa é a razão pela qual ao procurar sobre o local você só vai ver fotos da estátua no telhado e do Totoro na entrada. Mas de toda forma é uma experiência necessária se você aprecia o trabalho do Miyazaki. Eu já quero ir lá de novo! Eu não cheguei a visitar a exposição do Castelo Rá-Tim-Bum, mas pelas fotos que havia visto, achei que tinha uma vibe parecida.

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Tentei contar a viagem da forma mais resumida possível, deixei coisas de fora e tentei me focar nos locais que pudessem ser mais interessantes para o público Otaku. Como foi mais uma “revisitação” da maioria dos lugares (com exceção do museu do Ghibli, de Harajuku), eu posso ter deixado algum detalhe de fora, então se tiverem dúvidas, perguntem aí nos comentários. Eu também acabei não revisitando a Torre de Tokyo, mas essa vê-la à distância já me satisfez.

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Fiquem ligados pois quando menos esperarem, estarei de volta!

PS. Minha obsessão esta semana é o final do dorama Ikebukuro West Gate Park. Este é um dorama bastante antigo (2000), protagonizado por Nagase Tomoya (vocalista da banda Tokyo, e amado por mim por sua atuação em My Boss My Hero), e Ken Watanabe (famoso por papéis em hollywood como em O Último Samurai, Batman Begins e Inception). O dorama é baseado num romance, e assisti-lo me deu a impressão de que Durarara bebeu muito dessa fonte. Além de terem o mesmo cenário, alguns elementos centrais da light novel/do animê já estavam nesta obra, como a guerra de gangues (inclusive a cor amarela), o rapto de garotas, envolvimentos da máfia, além do clima de mistério que cirunda a vida do protagonista. Podemos ver uma forte inspiração no protagonista Makoto para a figura de Shizuo, de Durarara, por exemplo. Assim como seu antagonista Yamai carrega uma aura semelhante à de Izaya (porém sem o carisma e requinte deste). Eu comecei a ver o dorama quando decidi que viajaria para Tokyo, para poder aproveitar ainda mais a minha passagem por Ikebukuro, e só hoje consegui terminar (mesmo tendo apenas 11 episódios). É uma série de suspense, com uns bons toques de comédia e drama, e bastante violência. Dizem boatos que ele é considerado controverso por ter ocasionado uma movimentação de jovens que se espelharam na história para começar suas gangues na região, na época. Contudo, vale assistir por sua excelente história e performances incríveis, onde já vemos despontar o brilho desses dois atores, que vieram a se tornar populares, cada um em sua área.

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Rafael Vinícius Martins
Rafael Vinícius Martinshttps://daisukeinkyoto.wordpress.com/
Jovem otaku/geek/nerd, mestrando em Literatura Comparada na Universidade de Kyushu, tendo como foco culturas de massa (animê, mangá, light novel). Membro do clube de acapella HarmoQ, e viciado em livrarias e lojas de produtos de animê. Facebook: https://www.facebook.com/daisuke.h0j0 Instagram: @daisuke_h0j0

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