Crítica | Pantera Negra

Antes de mais nada, assumo que nunca conheci Pantera Negra a ponto de gostar ou desgostar do herói. Sabia que o personagem havia se casado com a Tempestade dos X-Men. Inclusive ambos chegaram a se tornar membros do Quarteto Fantástico, porém meus conhecimentos do personagem acabava por aí.

Aí tivemos Capitão América: Guerra Civil que trouxe o personagem em live action, num momento que as atenções estavam para Homem Aranha entrando no universo Marvel nos cinemas. Homem Aranha foi legal no Guerra Civil? Foi, mas quem roubou a cena e mostrou pra que veio foi o Pantera Negra. Assim tínhamos um pontapé inicial do que seria Pantera Negra.

Paralelo ao universo da Marvel nos cinemas, conhecíamos Creed que nasceu sendo um spin off de Rocky: O Lutador e acabou se tornando uma continuação oficial, quando Sylvester Stallone comprou projeto e se entregou de cabeça. Por que falar de Creed em Pantera Negra? Foi com Creed que Ryan Coogler mostrou pro mundo que era um roteirista e diretor excepcional, chamando atenção da Marvel Studios e dando a cadeira de diretor para Pantera Negra.

E esse não foi o único legado de Creed, já que o vilão de Pantera Negra é ninguém menos que Michael B. Jordan. Sim, o próprio ator que foi Adonis Johnson Creed  e este se tornaria o vilão de Pantera Negra.

Pantera Negra é um filme excelente por mérito próprio. Este segue toda a fórmula Marvel dos cinemas em construir uma mitologia forte, trazendo um universo único, além de sabermos que aquela história faz parte de algo maior. Pantera Negra é importante por trazer um herói negro sim, porém seu roteiro e direção estão no mesmo nível de Capitão América: Soldado Invernal e Capitão América: Guerra Civil, sendo bem superiores que outros filmes da própria Marvel. Então não crie rótulos para Pantera Negra e entre no cinema sabendo que é um filme muito bem executado.

Mas vamos falar da história?

Pantera Negra é um legado de um reino que reúne diferentes tribos. Num processo “democrático” em que tribos se questionam e decidem quem é quem.

E o filme seguindo a fórmula Marvel, acaba nos trazendo um recorte de 1992, em que o Pantera Negra daquela época investiga um caso de vazamento de informações sobre Wakanda nos EUA. Ele acaba descobrindo que o culpado era ninguém menos que seu próprio irmão, assim levando numa luta que acaba em morte em família.

Passado mais de 25 anos, temos a morte do Pantera Negra atual em Guerra Civil e com isso T`Challa voltou como rei para seu país. Só que ele precisa passar por um processo de aprovação entre a cúpula e as tribos que formam Wakanda.

Paralelo a isso, temos Erik Stevens que está ajudando traficante de armas Ulysses Klaue em um roubo num museu que tem itens da tribo de Wakanda. Erik Stevens não só sabia do Vibranium, como quer muito mais sobre Wakanda, sendo Ulysses Klaue a sua porta de entrada.

Assim T’Challa parte em missão com Nakia, encontrando o agente da CIA, Everett Ross em um leilão obscuro em Busan, na Coreia do Sul. Iniciando uma perseguição histórica atrás de Ulysses Klaue e Vibranium encontrado por ele.

Opinião

Pantera Negra se constrói numa obra única de começo, meio e fim. É verdade que o pontapé em Capitão América: Guerra Civil tenha sido usado aqui, mas o diretor soube muito bem em usar desconstruir e criar uma mitologia própria. Trazendo assim fatos do passado, moldando a relação de herói e vilão, numa jornada de extremos.

Não sabíamos como era Wakanda, sendo que o diretor Ryan Coogler trouxe um país futurista, aliado a tradições e lendas. Não muitas vezes, a visão sobre legado e sucessão acabam se parecendo com obras, como: O Rei Leão e Avatar: A lenda de Aang. Não duvido que todas as obras tenham ido se inspirar nas mesmas lendas africanas, assim Pantera Negra bebe da mesma fonte e faz uma tradução visual impressionante sobre o papel de um imperador.

Não poderia deixar de citar que Pantera Negra também me impressionou no quesito de lutas. Trouxe e incorporou diferentes estilos de luta, entre elas a Capoeira. Então diversos personagens usam mãos e pernas, mas também fazem a dança e giro tão característico da Capoeira.

E ainda falando de diversidade, o filme abraça e apresenta personagens femininos tão ou mais fortes que os masculinos. Seja a irmã do T’Challa que é uma jovem prodigia e criadora de grande parte da tecnologia de Wakanda, como também a guarda imperial feminina. Isso sem contar a antiga rainha e mãe de T’Challa e que também tem um peso muito forte ali.

Só queria dar um adendo que realmente não esperava que a Coreia do Sul fosse aparecer no filme. Ainda mais Busan que ganhou destaque internacional com o filme Train to Busan, tivemos um filme que apresentou muito do país, além de trazer algumas músicas coreanas em toda a sua sequência. Foi algo inesperado e ao mesmo tempo surpreendente, quando pensado e comparado que o Flash gostava de kpop em Liga da Justiça. Aqui vimos muito mais que isso, sendo o segundo filme da Marvel a tocar na Ásia (o primeiro tinha sido Vingadores: Era de Ultron que mostrou a China e teve até cenas extras por lá com astros chineses).

Voltando ao Pantera Negra, o filme traz personagens bem construídos, uma quantidade de personagens femininas bem maior que outros filmes da Marvel, além de uma mitologia africana riquíssima em detalhes. É um filme de herói, além de um filme de diversidade, mas ao mesmo tempo é um filme muito melhor executado que outros da própria Marvel. Chego a dizer que Pantera Negra será tudo que o Fantasma nunca será nos cinemas. Abraçou o legado de um herói que existe desde sempre, porém fazendo com competência (o que faltou em muito no filme do Fantasma na época).

E se Pantera Negra pode ser resumido em poucas características, eu resumo em um filme com boas coreografias de luta, um excelente roteiro, boas revelações, embalado numa trilha sonora competente. É um filme completo e cumpre o que promete, portanto deve ser apreciado como tal.

Vale a informação que o filme tem duas cenas pós-créditos, sendo uma explicando o papel do personagem e de uma possível continuação, enquanto a outra costura o filme com os outros filmes da Marvel.

Apresentado assim, Pantera Negra encerra mais uma fase da Marvel, deixando para Vingadores: Guerra Infinita as consequências do que aconteceu com personagem e com Wakanda.

Nota

9,5

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Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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