Crítica | Pequena Grande Vida

Fazia tempo que não via filmes abordando redução de tamanho. Por mais que Homem Formiga possa entrar nessa categoria, podemos dizer que Pequena Grande Vida é um “Querida encolhi as criança” de maneira adulta.

Dirigido por Alexander Payne e tendo Matt Damon como protagonista, temos um filme que acompanha mudanças do nosso mundo e as vantagens de ser encolhido. E talvez esteja aqui a sacada genial, porque o filme mostra toda uma discussão sobre preservação do planeta, sendo que o buraco é muito mais embaixo. Estamos falando que encolher torna a sua vida mais “barata”, assim qualquer pessoa se torna milionária.

Assim conhecemos Paul Safranek e sua mulher Andrey que estão se questionando o momento que está passando. Se devem ousar e encolher tendo luxos e vantagens, ou deve permanecer estagnado como estão.

A questão que o filme não esconde que para conseguir “cruzar” pro outro lado, você terá que aceitar que não será tão fácil. Além disso, se algum ente querido seu usa por exemplo uma válvula artificial, provavelmente ele não poderá ser encolhido.

Partindo desse pressuposto, o filme apresenta a transição de Paul e Andrey. Seja vendendo tudo para uma nova vida, além do processo operatório traumático. Nesse ponto que Paul cruza, mas descobre que Andrey não aguentou a pressão e permaneceu no tamanho original. A consequência é um salto no tempo seguido de divórcio.

É interessante frisar que o filme segue com uma maturidade e tão cheio de detalhes dessa sociedade que convive cidades pequenas com cidades normais. Por exemplo, descobrimos que Paul abriu mão de sua mansão, hoje vive num apartamento, além de trabalhar como telemarketing. Em nenhum momento se fala como pequenos continuam trabalhando, mas num processo que seu dinheiro vira uma fortuna quando você é encolhido, acaba se concluindo que uma profissão como telemarketing se ganha bem na proporção.

Em contrapartida, o filme toda hora debate o choque da sociedade como um todo. Se um cara que decidiu viver encolhido e vive com menos, deveria ter a mesmo voto no governo americano ou deveria usar-se proporção, devido o peso financeiro que ele tem naquela sociedade.

Acredito que o ponto alto do filme é quando Ngoc Lan Tran entra na história. Porque aborda a possibilidade de refugiados viajarem de um país pro outro dentro de embalagens de eletrônicos. No caso dela, acabou sendo a única que sobreviveu, dentro de uma embalagem de televisão, assim sendo levada para cidade em que Paul vive. E os dois acabam se esbarrando numa festa do vizinho de cima, vivido pelo brilhante Christoph Waltz.

Pequena Grande Vida vai se moldando e mostrando que nenhuma sociedade é perfeita. Que mesmo uma sociedade encolhida, também tem diferentes níveis sociais, inclusive gerando toda uma cultura de gueto. Assim o filme se mistura entre os gêneros, abraçando drama, passando pela comédia, ao trazer uma possibilidade para o futuro com os problemas de hoje em dia.

Assumo que o filme segue caminhos inusitados, inclusive pegando gancho sobre todo processo de criação desse projeto e suas cidades. Mas talvez, esse caminho inesperado não deva ser interpretado como algo ruim, já que leva os personagens e suas mitologias para caminhos não esperávamos.

O filme tem 2 horas e 15 minutos, sendo que você não sente esse tempo em tela. E talvez Pequena Grande Vida acabe até trazendo a sensação que você esteja vendo dois filmes em um, devido a jornada de Paul se cruzar com a de Ngoc Lan Tran e ambos estarem encontrando seus respectivos papeis naquela sociedade.

Temos boas participações especiais com os atores James Van Der Beek (tocando tema da série Dawson´S Creek) e Neil Patrick Harris com Laura Dern que fazem casal Lonowski. Existem outras participações especiais para quem é fã do diretor, porém assumo que essas foram as que mais me chamaram a atenção.

A trilha sonora funciona, mas não tem grande peso aqui a ponto de se destacar algo. Agora, não posso deixar de comentar de uma escolha inusitada do diretor em uma cena especifica que aparece genitálias de quem será minimizado. Não costuma acontecer muito, mas como é um filme pra sair fora da casinha, talvez seja a proposta em ser diferente até na forma que é retratado isso.

Recomendo assistir e se colocar no papel de Paul. Não nego aqui que sai do cinema aceitando que seria uma boa possibilidade ser encolhido. Como o personagem do Christoph Waltz deixa claro no filme, as vantagens de ser encolhido é ter uma vida que você nunca terá como está agora.

Nota

8,5/10

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Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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