Review | Nonnonba

Segundo título da série Tsuru, iniciada em 2017 com a publicação de “O Homem que Passeia”, a editora Devir mostra que está apostando em títulos de peso para construir seu catálogo e lança Nonnonba, do mestre Shigeru Mizuki (GeGeGe no Kitaro).

Disponível em sites e lojas especializadas desde, Nonnonba é uma poesia em forma de mangá e daremos nossas impressões sobre ele neste JMangá.

A história

Na década de 30, ainda criança, a diversão do jovem Shigeru era brincar de batalhas por territórios e desenhar. Segundo filho de três irmãos homens, seu pai trabalhava como bancário, mas vivia com a cabeça nas nuvens por ter sido o primeiro daquela cidade a se formar na universidade de Tóquio e sua mãe é uma dona de casa que nunca deixa de mencionar que sua família descendia de samurais e podia portar espadas.

Em meio a uma vida tranquila, numa cidadezinha pacífica do interior, Shigeru frequenta desde muito pequeno a casa de uma senhora a quem todos chamam de Nonnonba. Esta velha senhora ensina ao garoto tudo o que sabe sobre os youkais e as tradições antigas, sempre deixando claro o respeito com que devemos tratar a todos os seres.

Shigeru se despede de Chigusa

Sempre na companhia da gentil senhora, Shigeru supera diversas dificuldades, como a perda de duas namoradinhas de infância, brigas com os colegas de escola e a situação financeira difícil de sua família após sucessivas demissões de seu pai. Sem nunca perder o bom humor e a esperança, Shigeru desperta seu talento como desenhista e chega até a fazer amizade com um youkai, enquanto nos transmite toda a sabedoria que aprende com a doce e sábia Nonnonba.

O youkai Azuki-Hakari, amigo de Shigeru

A edição brasileira

Nonnonba chegou ao Brasil em um belo projeto gráfico, característica da linha Tsuru da Devir. O mangá possui sobrecapa, foi impresso em papel Munken e traz belas páginas coloridas no começo do volume. As onomatopeias foram traduzidas de modo semelhante aos mangás publicados nos Estados Unidos, porém mantendo o mesmo estilo, sem “brincar” com seus formatos.

Capa e sobrecapa da edição brasileira de Nonnonba

A tradução é do veterano Arnaldo Oka, com edição de Rui Santos. Algo que me entristeceu bastante foi a quantidade grande de erros de revisão, como repetições de notas de rodapé (o termo “-chan” foi explicado duas vezes, nas páginas 19 e 37), falta de concordância ou melhor adaptação da frase para o português e alguns de digitação.

Abaixo, seguem alguns exemplos:

 

Mesmo assim, a obra não perde seu brilho. A leitura flui bem e dá aquela sensação de tristeza quando chega ao final. Como bônus, a edição ainda traz um posfácio escrito por Jason Bradley Thompson, ex-diretor da Viz Media (editora americana responsável pela maior parte das publicações de mangás nos Estados Unidos), além de desenhista, roteirista e autor do livro “Manga: The Complete Guide”. No posfácio, Thompson conta detalhes sobre a vida de Shigeru Mizuki e nos ajuda a compreender a grandiosidade da obra desse mestre em youkais que inspirou diversos autores.

Opinião

Nonnonba é uma obra incrível. Durante a leitura, senti meu coração ficar quentinho por diversas vezes, mesmo que algumas das passagens tenham sido um pouco tristes.

Ver como o protagonista respeita não só a sabedoria antiga como também a repassa aos colegas é algo encantador, assim como sua resignação diante daquilo que não se pode alterar.

A poesia com que o autor retratou passagens como a despedida da garota que seria vendida para se tornar gueixa é de uma rica beleza, provando que traços simples também podem retratar cenas inesquecíveis. Além disso, é possível perceber que Shigeru é o alter-ego do autor, que nos trouxe um pedaço de sua própria infância em forma de mangá.

A despedida de Miwa-chan

Recomendo a todos que gostarem de histórias que remetam a tempos saudosos de suas vidas, onde era mais fácil lidar com as frustrações do dia a dia.

Agradecemos muito ao pessoal da assessoria de imprensa da Devir, que gentilmente nos encaminhou o exemplar para análise.

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Luana Tucci de Lima
Luana Tucci de Lima
Fã incondicional de CLAMP, Nobuhiro Watsuki e Yuu Watase. Adora mangás Yaoi , Turma da Mônica e... mordomos de óculos.

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