Review | Bravely Default II

A série Bravely Default é a resposta da Square Enix para os que reclamam que os jogos Final Fantasy “já não são mais os mesmos”. E de fato, eles não são. Desde o primeiro lançamento lá em 1987, cada Final Fantasy tem sido de um sabor diferente, e que aos poucos foi se desvencilhando dos moldes tradicionais de RPG. As batalhas em turno, por exemplo, já ficaram para trás, e alguns dos Final Fantasy até viraram jogos de ação hack ‘n slash, como o excelente remake de Final Fantasy VII, lançado no ano passado.

Pois bem, se é tradição que você procura, não precisa ir muito longe, já que Bravely Default II acabou de ser lançado para o Nintendo Switch. Seguindo à risca a fórmula da série, esse novo jogo tem tudo o que você esperaria ver em um RPG dos anos 1990: personagens bonitinhos, uma história bem clichê, dificuldade acentuada e uma pitada pra lá de generosa do malfadado grind

Seguindo os primeiros dois jogos de Nintendo 3DS — sim, esse é o terceiro e não segundo lançamento da franquia, que foi Bravely Default: End LayerBravely Default II é um RPG que requer tempo e bastante paciência para se aproveitar de fato. Você vai precisar de muitas horas jogando para ganhar nível suficiente para vencer o desafio de algumas áreas e chefes. Isso além de muita calma e uma resistência de Jó para aguentar as muitas derrotas que virão graças ao sistema de combate deveras curioso que rege esse jogo.

O seu maior poder é a sua paciência

Fiéis ao nome Bravely Default, as mecânicas de luta desse RPG funcionam a partir de dois comandos distintos. Ao escolher Brave durante as batalhas em turno, o personagem selecionado de seu grupo pode atacar mais de uma vez, basicamente pegando emprestado vários turnos de combate em um só. Fazendo isso você tem a chance de sobrepujar um inimigo poderoso, mas ao mesmo tempo pode acabar, bem, se ferrando, pois terá de esperar o número de turnos queimados com esse comando até poder ter outra chance.

Default faz exatamente o contrário: você deixa de executar uma ação, ganhando um pontinho que pode ser usado no próximo turno como um Brave. Descobrir o equilíbrio entre essas duas opções é a chave para o sucesso em Bravely Default II, e é bom que você invista em achá-lo logo, pois o jogo não te poupará. Inimigos, especialmente chefes, adoram colocar essas mesmas mecânicas de combate em uso, destruindo sua equipe no processo caso você não esteja preparado.

E é aí que virá seu maior passatempo nesse jogo, passar por inúmeras batalhas para subir de nível constantemente. Como um clássico qualquer dos anos 1980 ou 1990, Bravely Default II não deixa de lado a necessidade desse grind, pior, agarra o osso e morde fundo. Fora a histórias principal que te coloca no controle de um grupelho formado por um náufrago revivido pela misteriosa voz que narra os momentos iniciais do jogo, uma princesa que perdeu seu reino, um mago fanfarrão e uma charmosa guarda-costas, não há lá muito o que se fazer. 

Vai e volta e cá estamos novamente

As missões secundárias dadas por personagens aleatórios nas diversas cidades visitadas pouco variam, basicamente dão objetivos que você completaria de qualquer forma nos locais em que lutaria durante o decorrer da história do jogo. Por exemplo, na área desértica você acaba topando com a esposa de um trabalhador que por acaso está no templo abandonado em que o próximo chefe se encontra. Ela pede para você levar o almoço de seu marido, que por pura cara-de-pau, te pede para ir e voltar diversas vezes para buscar outros ítens com sua mulher. Tudo para ganhar umas míseras moedas! E se você morrer em uma batalha durante o percurso? É bom que tenha salvado seu jogo, porque é para a tela inicial que você vai voltar…

Mas nem tudo é tão chatinho assim em Bravely Default II, ainda bem. Há muita flexibilidade bem grande quando o assunto é dar mais opções de classes para seus personagens. Aos poucos você vai adquirindo nos Asterisks, ítens que destravam novas opções para especializar seu pessoal. Além dos já esperados White Mage e Black Mage, arrancados diretamente de Final Fantasy, há algumas classes de personagens que só existem na série Bravely Default. Esse é o caso do Gambler, que é absolutamente devastador quando usado corretamente. É bem divertido ficar trocando de classes, e graças à flexibilidade com equipamento e armas, não há muita necessidade de se preocupar com o que cada um está vestindo ou portando, lembrando sempre do limite de peso que cada boneco pode carregar.

Para quem procura um RPG de peso para jogar no seu Nintendo Switch, Bravely Default II pode muito bem agradar, mas com diversas ressalvas. Ele é um jogo lindo, com uma apresentação encantadora, que já é de praxe para a série. Ao mesmo tempo, ele repete a fórmula dos volumes anteriores de Bravely Default, não trazendo praticamente nada de novo ao páreo, o que pode desagradar a alguns, especialmente quem já zerou os jogos de 3DS. 

Fora isso, há a questão do alto grau de dificuldade e do grind que é necessário para se vencer, que às vezes é bastante exagerado, além de demorado demais. Não importa o desafio que ele apresente, se você torrar (algumas-risca) muitas horas, certamente poderá dar cabo de qualquer vilão. Se é esse tipo de RPG que te apetece, não haverá o que temer em Bravely Default II, mas se busca algo que seja realmente fora da curva, não o achará aqui.  

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