Crítica | Uma Dobra no Tempo

Quando Pantera Negra foi lançado, muito se falou da sua representativa negra, porém assumo que meus olhos estavam mirados no próximo lançamento da Disney, Trazendo um tratamento semelhante ao público, estou falando de “Uma Dobra no Tempo”, que marca a primeira vez que uma diretora negra dirigiria um filme com orçamento maior que 100 milhões de dólares.

Sei que patético analisar que estamos em 2018 e temos que enumerar diretores do sexo feminino que estão obtendo seu espaço no mercado. Falo isso porque esperava que no mundo de hoje essas conquistas já tivessem sido conquistadas há muito tempo atrás, porém a Mulher Maravilha trazendo uma mulher na cadeira de diretor de um filme de super herói, fez com que enxergássemos que o mundo ainda optava por homens na cadeira de diretor. Mas voltando aqui, temos a roteirista Jenifer Lee e a diretora Ava DuVernay nesse filme que se traduz como um conto de fadas atual.

Baseado no livro de mesmo nome, o filme tem um elenco estelar, como Oprah Winfrey, Reese Witherspoon, Chris Pine, além da sua protagonista, a atriz Storm Reid. Tantas estrelas, fazem com que o filme abrilhantar mais do que normalmente ele já seria.

Vale aqui ainda citar, que na exibição para jornalistas, a Disney ainda exibiu uma mensagem da diretora Ava DuVernay. Ela não falou em empoderamento e nem nada de sua conquista como diretora, porém ela pediu que assistíssemos o filme como fossemos uma garota de 12 anos, acreditando naquele mundo e deixando sonhar mais alto. E foi exatamente o que fiz, assim que o filme começou.

Viagens pelo universo sem naves…

Já imaginou em cruzar o universo ao utilizar dobras no tempo? É assim que o professor Alex Murry sumiu há 4 anos, deixando sua esposa e dois filhos pequenos.

Começando assim, temos um filme que apresenta cotidiano de Meg Murry, como adolescente sofrendo bullying no colégio, além do seu irmão mais novo, Charles Wallace Murry.

Além disso, percebemos o popular do colégio, Calvin o’Keefe acaba visitando Meg e demonstrando que se preocupa com ela. Na verdade, ela rejeita ter qualquer possibilidade dele gostar dela, porque acredita que não seja interessante.

Mas deixando cotidiano de lado, temos a chegada da Senhora Queé (interpretada pela Reese Witherspoon). Falando nada com nada, Senhora Queé é grande amiga de Charles, fazendo que tanto Meg e sua mãe olhem estranho pra essa amizade.

Em outro dia normal, Meg e Calvin acabam indo parar na casa da Senhora Quem (Mindy Kaling). E mais uma vez o Charles demonstra ter uma grande amizade e vínculo com essa senhora, tornando as coisas ainda mais estranho.

E assim, um dia temos a chegada das senhoras Queé, Quem e Qual (Opra Winfrey). Elas aparecem juntas e explicam que o pai de Meg e Charles viajou pelo universo e que a mensagem dele mostrou a Terra, tornando assim possível esse encontro, além da operação resgate. As três queriam que Meg, Charles e Cavin viajassem com elas para resgatar o professor Alex, assim começando a sua estranha jornada.

Ganhando contornos de filmes mágicos como “O Labirinto” e a “Estranha fábrica de chocolate”, temos um filme doce que apresenta que tudo é possível se você acreditar. Assim a Meg precisa acreditar para continuar sua jornada em encontrar seu pai do outro lado da galáxia.

A jornada da Meg está muito além de encontrar seu pai, porque para acreditar nela, Meg precisa superar seus traumas. E nesse ponto, o filme trabalha muito bem o crescimento da personagem, em que não só é empurrada pelo seu irmão e Calvin no começo, mas também precisa andar sozinha.

Gostaria de destacar a boa atuação do garoto Deric McCabe, que faz o Charles. Fazendo um garoto de 6 anos, o ator precisa se reinventar numa parte do filme, mostrando que é muito além do que seu personagem representa.

Vale também destacar que o filme tem altos efeitos especiais para criar visuais dos planetas em que os personagens viajam. Por mais que a Nova Zelândia seja linda e foi utilizada nas filmagens, temos um visual bastante único no filme.

É verdade que o filme tem defeitos e ás vezes larga personagens para trás, como Calvin e até mesmo o pai de Meg e Charles, o Alex Murry. Porém, estamos falando de um filme que atualiza os contos de fada, mostrando que para ser feliz, você precisa gostar de si mesmo. Meg terá que cruzar essa jornada se quiser voltar pra casa e trazer seu pai com ela, assim se tornando um filme leve e divertido.

E falando exclusivamente da atriz da Meg, ela sofre o mesmo mal que o ator do Pantera Negra. Em cenas que temos Oprah Winfrey, Reese Witherspoon, Mindy Kaling e Chris Pine, acaba que a atriz Storm Reid some em cena. Entendo que é uma jornada de ter seu espaço de mundo (bem semelhante a Pantera Negra), porém quando tem tantos talentos em cena, acaba tornando a atriz invisível da mesma maneira que sua personagem na história. Isso pra mim acaba sendo um problema, porque o personagem precisa ter seu brilho próprio por ser protagonista de sua história. Sei que é relativo e tal coisa acontece bem comum hoje em dia, porém acabou se repetindo em um período tão curto de tempo.

O filme também é bem colorido, chamando bastante atenção, quando os personagens viajam para o primeiro planeta atrás do paradeiro do professor Alex Murry. Já na pegada 3D, tirando algumas cenas que o filme se torna 3D, acaba se tornando mais um filme 2D do que 3D, assim se tornando desnecessário o efeito. Já em termos de trilha sonora, ela combina com a proposta do filme e representa um filme jovem e atual, sendo um dos pontos altos do filme.

Talvez eu ainda esteja influenciado pela diretora Ava DuVernay, porém “Uma Dobra no Tempo” não perde para nenhum clássico da Sessão da Tarde. Se você que é mais velho e cresceu com “O Labirinto”, “O Último Guerreiro das Estrelas”, “Os Goonies”, entre tantos outros filmes, provavelmente esse filme será aquele que seus filhos terão o mesmo carinho que você tem por esses filmes. E esse é um bom motivo de ir ao cinema assistir esse filme.

Vale aqui lembrar que o livro original foi publicado no Brasil pela Harper Collins, enquanto sua quadrinização feita em 2012 veio pela DarkSide. Ambas as edições são em capa dura e tem um tratamento gráfico bem diferenciado, merecendo sua total atenção. Na cabine da Disney, recebemos os dois livros e ainda estamos lendo ambos os materiais que são totalmente diferentes do filme e entre si, valendo sua atenção, num momento pós o filme.

Nota

4,5 de 5

Agradecemos a Disney pelo convite, além da Harper Collins e da DarkSide pelos dois livros.

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Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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