Review | Famicom Detective Club

É engraçado imaginar como o remake se tornou uma parte tão importante na indústria dos jogos. Visto que a prática de refazer uma obra passada se faz tão presente nos filmes, desde sempre relançando e reinventando histórias já contadas, nos jogos isso vem sendo feito de diversas maneiras. Os remasters, mais populares, trazem jogos de gerações passadas de consoles, só que sob roupagem ainda mais detalhada e bela, com melhorias técnicas aqui e acolá, enquanto os remakes de verdade mudam por completo o que foi visto anteriormente. 

E, para jogos, tais mudanças podem ser incrivelmente significativas dependendo de quanto tempo se passou entre esses lançamentos. Ou não. No caso de Famicom Detective Club, temos dois jogos da era 8-bit sendo trazidos para a geração atual, com todas as melhorias gráficas esperadas, mantendo a jogabilidade de mais de trinta anos atrás quase que intocada. Com The Girl Who Stands Behind e The Missing Heir, temos dois jogos clássicos de mistério nunca antes lançados fora do Japão que foram localizados em inglês, recebendo um upgrade visual de alta qualidade para o Nintendo Switch.

Originalmente lançados para o Famicom Disk System dando continuidade ao estrondoso sucesso de vendas que foi Portopia Serial Murder Case, criação de Yuuji Horii, a mente por trás da gigante Dragon Quest, os jogos Famicom Detective Club te colocam no controle de um detetive amador, membro da agência de detetive Utsugi, um carinha que tem o talento de solucionar alguns dos maiores mistérios do Japão. 

Em The Girl Who Stands Behind, ele investiga o assassinato de uma colega, que aparentemente está assombrando os corredores da sua escola, enquanto que em The Missing Heir, o garoto acaba perdendo a memória bem no meio de um desaparecimento envolto de conspiração em uma pacata cidade próxima à agência em que trabalha. De um modo geral, os dois jogos Famicom Detective Club podem ser jogados em qualquer ordem que você preferir, e independente de qual escolher começar, você não vai se perder na história, já que não há conexão entre eles, fora os personagens recorrentes, como o protagonista e sua colega de trabalho, a Ayumi.    

O culpado nem sempre é o mordomo…

Quando se fala de uma obra de mistério, há sempre a chance de ser algo mal escrito ou fácil de prever, do tipo de coisa que você lê ou assiste sem muita pretensão de se engajar em uma tramóia complexa, especialmente quando se trata de jogos. Por sorte, Famicom Detective Club é extremamente bem elaborado e ambos os jogos contam com histórias envolventes e cheias de reviravoltas. Apesar da jogabilidade ser simples e direta, com pouca dedução necessária de sua parte, havendo mais tentativa até sucesso do que qualquer elucidação ou momento de “Eureka!”, dá pra se tirar bastante proveito da história de ambos, mas mais como um bom livro do que um jogo, por assim dizer. 

Por mais estranho que isso possa soar vindo de uma análise de um produto interativo, não considero a falta de agência por parte de nós, jogadores, algo ruim no caso desses jogos do Famicom Detective Club. Por serem mais visual novels, o que poderia ser um negativo fatal, a qualidade da história, é um dos aspectos mais enxutos de The Girl Who Stands Behind e The Missing Heir. Isso sem falar na qualidade absurda dos gráficos, que fazem ambos os jogos parecerem mangás interativos, incluindo vozes dubladas em japonês para todos os personagens e diálogos, o que traz uma certa autenticidade muito bem-vinda à experiência de jogá-los.   

É bacana ver a Nintendo investindo em jogos tão fora da curva como esses dois tomos de Famicom Detective Club. Fãs de boas histórias de mistério e jogadores que não se importam em engajar com jogos mais lentos como esses terão duas belas histórias para se deliciar, ambas ótimas aquisições caso esteja atrás de algo para jogar no seu Nintendo Switch.

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