Review | Triangle Strategy

Tempos atrás houve uma discussão sobre a diferença entre estratégia e tática, termos usados intercambiavelmente por muitos apesar de terem significados diferentes. Resumindo a conversa ao extremo, os discursantes definiram de modo bastante hábil que por estratégia temos o contexto geral de como agir em certa situação; já a tática é o modo usado para chegar a tal resultado. Portanto é importante saber o todo de algo antes de formar um plano que venha a te trazer a vitória. 

É esse o caso de Triangle Strategy, novíssimo RPG da Square Enix para o Nintendo Switch, em que ter uma visão global e saber como e onde agir são importantes partes do jogo se você quiser sobreviver. Seguindo o mesmo molde do belíssimo Octopath Traveler (lançado em 2018), Triangle Strategy é irreverente, inteligente e denso, desta vez trazendo uma história que é terreno fértil para batalhas épicas. Três nações que lutam pelo controle dos recursos do planeta desde o princípio estão em trégua, mas quanto tempo essa paz durará vista uma misteriosa que se aproxima?

Para fãs de tactics RPGs (vulgo TRPGs) como Final Fantasy Tactics e os menos conhecidos mas tão deliciosos quanto Jeanne D’Arc e Tactics Ogre, Triangle Strategy é um prato cheio. O combate acontece em ternos e ambos os lados posicionam suas unidades em um terreno quadriculado, como se fosse um tabuleiro. Dependendo da classe de soldado, esse campo controla até onde pode se mover, atacar e eventualmente se posicionar, valorizando sua astúcia não só no planejamento antes de lutar, mas também durante.

Estratégia decisiva, tática trilhante

Muito do que faz esse tipo de jogo ser tão gostoso de jogar vem do desenho das fases em que suas batalhas acontecem, e Triangle Strategy brilha muito nesse quesito. O terreno muda absurdamente de missão para missão, sem falar dos objetivos, dando a você muitos recursos para se dar bem em combate se você souber explorá-los dentro de quaisquer limites que possam vir a ser impostos. Mas mais importante que saber posicionar suas unidades e agir bem durante a guerra é tomar decisões sábias nos momentos-chave que ocorrem durante a história do jogo. Não se tratam de meros questionamentos éticos, como em um Mass Effect, mas sim bifurcações no seu caminho como líder no meio de um conflito, que podem levá-lo a desdobramentos completamente diferentes conforme sua jornada continua.

Apesar do denso sistema de combate e de decisões dentro e fora de batalhas, há partes de Triangle Strategy que o tornam um pouco mais amigável quando comparado a Fire Emblem: Three Houses, outro TRPG de extrema competência no Switch. Por exemplo, não há como seus soldados morrem permanentemente se derrotados em uma luta, algo que faz até o mais duro general chorar feito uma criancinha em Fire Emblem. Por um lado, isso acaba tirando um pouco da tensão das batalhas, já que mesmo colocando seus melhores em campo e sendo derrotado, fora seu tempo, você não perde nada de fato. 

Mas por outro, por não haver perdas do elenco fora as que talvez venham a ser planejadas pelo roteiro, Triangle Strategy consegue tecer uma história com mais confiança. O jogo de começo a fim tem conteúdo para te manter colado ao seu Switch por 50 horas ou até mais, dependendo de quão dedicado você é em zerar todas as atividades presentes no mapa, que são muitas mesmo.

Uma verdadeira pintura em movimento

Conseguir chegar a este ponto da análise sem comentar sobre nenhuma parte da apresentação de Triangle Strategy com certeza foi uma vitória por si só, já que da tela de início o estilo gráfico do jogo é gritantemente gracioso. Ele possui uma mistura de 16-bit com ambientes poligonais, exatamente como Octopath Traveler, com personagens diminutos, mas mesmo assim bastante carismáticos visualmente. No modo portátil, Triangle Strategy brilha graças à tela do Switch e é simplesmente um dos jogos mais belos para se jogar no portátil híbrido da Nintendo, apesar de que em modo console, numa TV HD, os gráficos fiquem um pouquinho borrados.  

Há também uma quantidade absurda de falas interpretadas por atores de voz, praticamente para todos os (muitos) diálogos que ocorrem dentro e fora das missões. Apesar da qualidade variar entre um ator e outro no modo como são lidas, o número absurdo delas mais que compensa esse probleminha. Isso tudo sem falar das composições musicais maravilhosas, que são o carro-chefe dos jogos da Square Enix desde o primeiro Final Fantasy, que não cansam mesmo se você repetir a mesma fase várias vezes.
Triangle Strategy é um triunfo em todos os aspectos. É um deleite de se jogar e apreciar, mas vale salientar que ele exige paciência também. Mesmo sem haver muito o que se perder quanto a personagens durante as batalhas, elas não deixam de ser a parte mais complicada e desafiante do jogo, colocando você em verdadeiras enrascadas que não medem esforços em tentar te derrotar. Mas como todo bom RPG, Triangle Strategy recompensa seu esforço com uma história emocionante e horas e horas de diversão, garantindo um lugar cativo no cartão SD do seu Switch. À luta, herói!     

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