Crítica | Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

Vamos combinar uma coisa? Desde Wandavision que existia uma expectativa em torno deste filme. Okay, não imaginávamos naquela época que esse filme juntaria outras pontas como What if ?, mas sabíamos que a história da Wanda não tinha sido encerrada em sua série.

Passado um ano que as séries da Marvel estrearam na Disney+, o filme do Doutor Estranho ganhava cada vez mais rumores em torno de suas participações especiais, porém por mais que as expectativas estavam lá em cima, o filme canalizou em boas participações e principalmente em uma boa história para conduzir os personagens até aqui.

Mas será que este filme realmente entrega o que queríamos? Será que Sam Raimi conseguiu se superar ao trazer o gênero de terror para a Marvel? É o que descobrimos neste filme.

O que preciso saber para assistir o filme?

Eu sei que é um mal da Marvel em que se precisa conhecer outros filmes para entender melhor a história contada em sua nova produção. Muitos falaram que precisava assistir X-Men, Inumanos, Quarteto Fantástico para entender este filme, mas não é bem assim.

Tirando Wandavision, What if? e Homem-Aranha: Sem volta para casa, podemos dizer que o filme não exige tanto assim dos seus conhecimentos. Então, a primeira dica que passo é assista o filme sem medo de ser feliz, porque por mais que você possa perder alguma informação aqui e acolá, nada vai prejudicar a sua experiência de curtir um bom filme.

Elizabeth Olsen as Wanda Maximoff in Marvel Studios’ DOCTOR STRANGE IN THE MULTIVERSE OF MADNESS. Photo courtesy of Marvel Studios. ©Marvel Studios 2022. All Rights Reserved.

E qual é a história?

O filme tem início numa perseguição no espaço em que temos a nova personagem America Chavez e uma versão alternativa do Doutor Estranho. Os dois estão fugindo de um estranho monstro que acaba matando Strange e acaba que um estranho portal surge, jogando corpo dele e a America Chavez na terra do MCU.

Aqui temos Dr. Stephen Strange tendo um pesadelo com a cena que acabamos de ver, acordando e indo no casamento de sua ex-noiva, a Dra. Christine Palmer. Mas o personagem acaba não tendo paz, porque no meio da festa de casamento, um estranho polvo ataca a America Chavez e o Dr. Strange acaba salvando-a.

O ponto para entendermos “Multiverso da Loucura” é que America Chavez consegue andar pelos universos e que sonhos podem ser fatos que acontecem com outras versões suas pelo Multiverso.

Mas está faltando o contraponto deste filme e é assim que Strange vai atrás da Wanda que revela estar vivendo uma vida sem poderes, desde os fatos da série Wandavision. Só que a mentira tem perna curta e Strange descobre a mentira, quando Wanda sabe mais informações da America Chavez do que Strange passou, iniciando o primeiro embate de muitos deste filme.

Participações especiais

O filme teve muitos boatos sobre participações especiais que iam de Tom Cruise como Homem de Ferro a retornos como Nicolas Cage de Motoqueiro Fantasma. E convenhamos que mesmo sendo boatos, isso alimentou e muito as expectativas em torno deste filme.

Porém, o “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” optou de forma sábia em focar na sua história, assim temos participações especiais, porém bem menos e mais pé no chão do que imaginávamos.

Assim, todas as participações especiais são na Terra-838 na representação dos Illuminati. Esses personagens são: Mordo (Doutor Estranho), Capitã Peggy Carter (What if), Rei Raio Negro (Inumanos), Capitã Maria Rambeau (uma versão da personagem em Wandavision), Dr. Reed Richards (uma versão nova do personagem do Quarteto Fantástico) e Professor Charles Xavier (X-men, porém utilizando a cadeira amarela dos quadrinhos e do desenho dos anos 90).

São boas participações? Sim, além de Illuminati ser um indicativo que a próxima saga dos cinemas seja baseada em Guerras Secretas (tanto a original como a de 2015). Não sabemos o que passa na cabeça do Kevin Feige, porém podemos sonhar que seja isso.

Versão 3D compensa?

Devo assumir que estava meio receoso quanto a versão 3D por ser raras as vezes que realmente o filme é pensado assim. Porém, a sensação de profundidade e camadas que os personagens estão no 3D valem a pena assistir o filme assim.

As cenas iniciais no Multiverso e o começo do filme são bem impactantes utilizando o efeito 3D, porém não vou mentir e sinceramente o filme tem vários momentos que o 3D não está presente em cena. Então onde ele se garantiu em 3D, ele funciona e isso vale a experiência.

Elizabeth Olsen as Wanda Maximoff in Marvel Studios’ DOCTOR STRANGE IN THE MULTIVERSE OF MADNESS. Photo courtesy of Marvel Studios. ©Marvel Studios 2022. All Rights Reserved.

Assinatura Sam Raimi no filme

Se você gosta de “A Morte do Demônio”, “Uma Noite Alucinante” e outras produções do diretor Sam Raimi, provavelmente ficará pasmo ao diretor trazer todo o estilo de câmeras com suspense nessa produção.

Trazendo inclusive a participação do Bruce Campbell (Ash) em que faz referência ao braço “rebelde” no filme “Uma Noite Alucinante”.

Só que quem rouba a cena aqui é a Wanda em uma versão descontrolada e bem próxima de Carrie, a estranha. Além disso, o roteirista disse recentemente que todas as mortes causadas pela Wanda, ele se inspirou no “Aliens, o Resgate”.

Então no papel de trazer clima de terror, o filme entrega isso. Lógico que mais leve do que filmes do gênero, mas você terá alguns sustos em cenas que trazem estilo clássico de fazer filme de Terror.

Cenas pós-créditos

O filme tem duas cenas, uma que apresenta uma maga que chama Strange para ir na Dimensão Sombria. A atriz Charlize Theron confirmou em suas redes sociais que a personagem é a Clea, namorada do Doutor Estranho, o que deve desencadear novos fatos ao universo MCU. Já a segunda cena é uma cena engraçadinha com o personagem do Bruce Campbell, mais uma vez remetendo a “Uma noite alucinante”.

Opinião

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura pode decepcionar alguns que estavam com a expectativa lá em cima, mas ele entrega o que estava disposto a entregar. Talvez o título tenha sido muito mais exagerado do que o filme realmente é, dando apenas uma “amostra” do Multiverso, porém sendo longe da loucura proposta.

Benedict Cumberbatch está muito bem aqui no filme, mostrando uma outra etapa do personagem, bem diferente do primeiro filme. Maduro e bem mais poderoso, Doutor Estranho tem que enfrentar sozinho um inimigo que vai muito além de suas capacidades.

Elizabeth Olsen, retornando como Wanda, demonstra toda sua capacidade vilanesca. Questionando parâmetros de herói e vilão, citando os fatos de Wandavision e Homem-Aranha: Sem volta para casa, Wanda caminha numa jornada de destruição. Quero os filhos de qualquer maneira, ela está disposta a destruir qualquer coisa para obter seu objetivo.

Um ator que merece destaque é o Benedict Wong, que desde Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, seu personagem só cresce no MCU. Wong, o Mago Supremo, acaba cada vez mais se tornando um personagem de peso, não ficando só nas mãos do Strange as responsabilidades por magia aqui.

A personagem America Chavez aqui interpretada por Xochitl Gomez, demonstrou muita carisma, porém pouco de tempo em cena. Com atores tão brilhantes no elenco, torço que a America Chavez retorne em outras produções, dando mais espaço para a atriz brilhar.

Por fim, não podemos deixar de citar a Rachel McAdams que aqui retorna como Dra. Christine Palmer. Sua história se encerra aqui no MCU, trazendo diferentes versões de sua personagem e demonstra toda uma versatilidade da atriz. A Rachel McAdams deixará saudades, principalmente sua variante da Terra-818, mas a história de amor dos dois personagens parece ter sido encerrada aqui.

Outro ponto forte foi a troca da trilha sonora, colocando Danny Elfman. Parceiro do Sam Raimi, as músicas combinam com a proposta do filme e geram mais imersão a obra, sendo interessante pra proposta aqui presente.

Confesso aqui que fiquei meio decepcionado de ver Sam Raimi e Multiverso juntos, mas não ter nenhuma versão do Homem-Aranha aparecendo aqui. Só que a sensação que passa é que Sam Raimi e Marvel deram tão certo que teremos outras produções com ele dirigindo.

Então, podemos dizer que o Doutor Estranho no Multiverso da Loucura entrega uma boa história e cumpre o seu papel de juntar ramificações das séries do Disney+ com o último filme do Homem-Aranha, levando consequências para próxima etapa do universo Marvel.

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

Estados Unidos | 2022 | 126 min

Direção: Sam Raimi

Produção Kevin Feige

Roteiro Michael Waldron

Baseado em Doutor Estranho de Stan Lee e Steve Ditko

Elenco
Benedict Cumberbatch
Elizabeth Olsen
Chiwetel Ejiofor
Benedict Wong
Xochitl Gomez
Michael Stuhlbarg
Rachel McAdams

Nota: 9/10

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Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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