Takeshi Kitano volta ao Cannes com produção visceral sobre Oda Nobunaga

Takeshi Kitano

Ausente por 7 anos, Takeshi Kitano voltou em uma nova produção que tem tudo para mudar o que conhecemos de filmes de samurai nos últimos anos. Retornando com a produção ‘Kubi’, o diretor reconta o incidente Honnō-ji que reconta a morte do lendário samurai.

Aplaudido de pé em sua exibição no Cannes, Takeshi Kitano explora a história com violência gráfica, além de explorar triângulos amorosos entre generais e o próprio Oda Nobunaga. Cumprindo a promessa de realizar um filme de samurai que não seria realizado por uma televisão japonesa, ‘Kubi’ faz a sua história entre tantas obras lendárias do diretor.

Mas o que realmente aconteceu no incidente Honnō-ji?

No ocidente não estamos tão familiarizados com o evento histórico, mas se tornou um episódio crucial no período Sengoku da história japonesa e teve um impacto significativo nas relações de poder e na unificação do país.

Ocorreu em 21 de junho de 1582 e influenciou nas relações de poder e na unificação do país O Oda Nobunaga era um dos senhores da guerra mais poderosos, tendo conquistado muitas províncias e buscado a unificação do Japão. No entanto, Akechi Mitsuhide, um dos generais do próprio Nobunaga, traiu seu senhor e liderou uma revolta contra ele.

Essa revolta ocorreu no templo de Honnō-ji, em Kyoto, onde Nobunaga estava hospedado. Mitsuhide cercou o templo com suas forças e lançou um ataque surpresa. As tropas de Nobunaga foram pegas de surpresa, e ele foi forçado a cometer o suicídio para evitar ser capturado ou morto pelas forças inimigas. A batalha resultou na morte de Oda Nobunaga e na ascensão de Mitsuhide como um dos senhores da guerra mais poderosos do Japão na época.

Só que essa vitória foi efêmera com o senhor da guerra, Toyotomi Hideyoshi, assumindo o comando e derrotando Mitsuhide na Batalha de Yamazaki, apenas dez dias depois. Hideyoshi se tornou o novo líder do Japão e continuou os esforços de unificação iniciados por Oda Nobunaga.

O Incidente Honnō-ji ilustra a turbulência política e a traição que caracterizaram esse período de conflitos e rivalidades entre os senhores da guerra no Japão.

E o que acontece na versão do Takeshi Kitano?

Inserindo camadas em um motim que botou fim na jornada de Oda Nobunaga, na visão do filme do diretor temos a relação entre Akechi Mitsuhide (Hidetoshi Nishijima) e Oda Nobunaga (Ryo Kase) como amantes. Além disso, o Mitsuhide também tinha um caso com o general Araki Murashige (Ken’ichi Endô), que mesmo ao lado de Nobunaga, se voltou contra a ele.

Mas se engana que Kubi se trata de uma história de amor proibido ou algo que o valha, o desenrolar de Kubi é uma briga pelo poder.

Aplaudido no Cannes

Exibido no dia 23 de maio, o filme foi aplaudido e elogiado no Cannes. E se um lado a marca do diretor está na violência gráfica, Kubi fez o público francês rir diversas vezes, reforçando o humor perverso do diretor.

O diretor Takeshi Kitano evitou a todo custo em se inspirar em outros diretores, tentando criar cenas de luta originais. E até alertou que caso encontrassem alguma semelhança com algum filme do Akira Kurosawa seria apenas coincidência criativa.

‘Kubi’ será lançada no outono japonês e por enquanto não tem previsão no Brasil.

Texto escrito originalmente para o Portal Nippon Já

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Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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