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A Última Invocação | Novo filme do mestre do terror japonês estreia no Prime Video

A espera por um novo mergulho nos horrores silenciosos e profundos do cinema japonês terminou. A Última Invocação marca o aguardado retorno de Hideo Nakata ao terror sobrenatural — gênero que consagrou o cineasta mundialmente com obras como O Chamado (Ringu, 1998) e Dark Water. Disponível no Prime Video a partir deste Halloween, o longa é distribuído no Brasil pela Sato Company e reafirma o estilo inconfundível de Nakata: lento, sufocante e implacavelmente emocional.

Inspirado no premiado romance Kinjirareta Asobi, de Shimizu Karma — vencedor do 4º Hon no Sanagi Awards — o filme explora as cicatrizes deixadas pelo luto e as consequências de desafiar os limites entre os vivos e os mortos. Diferente dos terrores explosivos e sanguinolentos do Ocidente, A Última Invocação aposta em uma tensão crescente e em um horror mais íntimo, onde o verdadeiro medo nasce da dor que nunca cicatriza.

A trama gira em torno de Naoto Ihara (Daiki Shigeoka), um pai em pedaços após a morte da esposa, Miyuki (vivida por First Summer Uika). Seu filho, Haruto (Minato Shougaki), ainda pequeno, acredita que pode trazê-la de volta realizando um ritual com o dedo da mãe enterrado no jardim. O retorno de Hiroko Kurasawa (Hashimoto Kanna), ex-amante de Naoto e agora uma diretora de vídeo marcada por um passado enigmático, coincide com os primeiros sinais de que algo sobrenatural tomou conta da casa.

O que começa como uma tentativa de reconciliação familiar logo se torna um pesadelo, onde a culpa se manifesta em formas cada vez mais tangíveis. Haruto, tomado por vozes e gestos estranhos, inicia um elo sombrio com o além. Hiroko, ao tentar proteger a criança, precisa confrontar seus próprios fantasmas — tanto os reais quanto os metafóricos.

Nakata mais uma vez demonstra seu domínio em manipular atmosferas. Em A Última Invocação, não há espaço para o alívio cômico ou para explicações simplistas. A escuridão é constante e a câmera parece flutuar entre os personagens como uma presença silenciosa. Os sustos, raros e pontuais, surgem como consequência de algo mais profundo: o peso da perda, o medo da solidão e a culpa irreparável que ronda cada um deles.

Destaque para a atuação de Hashimoto Kanna, em um papel distante de seus trabalhos mais leves, oferecendo uma performance contida, tensa e madura. Daiki Shigeoka também entrega um pai dilacerado com sensibilidade e desespero, enquanto o pequeno Minato Shougaki surpreende com um desempenho que evoca inocência e inquietação em igual medida.

Mais do que apenas um novo filme de terror, A Última Invocação é um estudo sobre a dor e o que ela nos leva a fazer. Nakata, fiel ao seu estilo, não oferece respostas fáceis. Em vez disso, convida o público a entrar numa espiral de medo emocional, onde o verdadeiro horror vem de dentro.

Para quem acompanha o cinema de horror japonês ou busca obras mais densas e simbólicas dentro do gênero, essa nova produção é essencial. E para os fãs de Nakata, é uma prova de que o diretor ainda tem muito a explorar nas sombras.

Trailer

Via Gustavaum

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo, Nintendo World e Jornal Nippon Já.

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