O mercado exibidor brasileiro continua sua trajetória de crescimento em 2025, com aumento de 15% no público e faturamento entre janeiro e abril, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Os dados da Filme B Box Office refletem uma retomada gradual do cinema, impulsionada tanto por produções nacionais quanto por grandes estreias internacionais. Entre os destaques, o lançamento do novo filme da Marvel, Thunderbolts, arrecadou R$ 19,8 milhões em apenas quatro dias, atraindo 842,1 mil espectadores, segundo a Comscore Box Office.
O cinema nacional assume papel central nessa expansão, com 67 produções lançadas nos quatro primeiros meses do ano, que juntas levaram mais de 8,3 milhões de pessoas às salas, gerando uma receita superior a R$ 155 milhões. Porém, o crescimento está concentrado em poucos títulos de grande apelo comercial, como O Auto da Compadecida, Ainda Estou Aqui e Chico Bento e a Goiabeira Maravilhosa, que ultrapassaram ou chegaram perto da marca de 1 milhão de ingressos vendidos. Essa concentração indica a necessidade de políticas que não apenas incentivem a quantidade de produções, mas priorizem seu impacto e adesão junto ao público.
Marcos Barros, presidente da ABRAPLEX, ressalta que apesar do avanço, a plena recuperação do setor após os impactos da pandemia ainda está distante. A paralisação das filmagens durante a crise sanitária e a greve em Hollywood resultaram em uma menor oferta de títulos — foram lançados 161 filmes a menos em 2023 do que em 2019. A expectativa é alcançar e superar os níveis pré-pandemia apenas em 2027. Barros destaca ainda que o apoio governamental, como o empréstimo emergencial e o Programa de Estímulo ao Setor Exibidor (PERSE), foi fundamental para a sobrevivência das empresas, que são, em sua maioria, negócios familiares. No entanto, ele manifesta preocupação com o fim do PERSE, ressaltando que embora insuficiente para resolver todos os desafios, a renúncia fiscal garantida pelo programa é vital para manter a operação e recuperar o fluxo de caixa.
A ABRAPLEX também aponta obstáculos estruturais que impedem uma recuperação mais robusta. A atual janela de exibição nos cinemas antes da disponibilização dos filmes em plataformas de streaming é muito curta — cerca de 45 dias — o que prejudica a sustentabilidade de produções de médio e pequeno porte que mantêm audiência ao longo do tempo. Além disso, a pirataria online representa um problema grave para o setor. A circulação imediata de filmes nas redes sociais e outras plataformas digitais no momento da estreia impacta diretamente a adesão do público às salas.
A regulamentação dessa janela de lançamento, somada a medidas mais eficazes de combate à pirataria, é apontada como caminho necessário para que o cinema brasileiro continue sua expansão e consolidação. Para os exibidores, a combinação de produções com apelo, políticas públicas adequadas e controle contra o consumo ilegal será fundamental para superar os desafios atuais.
Sobre a ABRAPLEX
Fundada em 2000, a Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex representa os multiplex do país, que correspondem a mais da metade das salas de cinema em funcionamento no Brasil. Seus associados detêm cerca de 65% da bilheteria nacional, e a entidade trabalha para democratizar o acesso ao cinema, ampliando o número de municípios com salas, além de buscar a modernização e regulamentação do setor exibidor.