Ainda Não É Amanhã | Longa-metragem chega nesta quinta (5) aos cinemas

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Ainda não é amanhã

“Ainda Não É Amanhã”, primeiro longa-metragem da recifense Milena Times, estreia nos cinemas nesta quinta-feira com distribuição da Embaúba Filmes. Conhecida por curtas como Represa (2016) e Au Revoir (2013), a diretora aposta agora em um drama sensível e contundente sobre os efeitos psicológicos e sociais da criminalização do aborto no Brasil. A estreia marca também a chegada de um dos filmes mais premiados do circuito recente de festivais à tela grande, com exibições confirmadas em Balneário Camboriú, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, João Pessoa, Poços de Caldas, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória.

O filme acompanha a trajetória de Janaína, interpretada por Mayara Santos, que vive uma gravidez indesejada em um ambiente marcado por julgamentos morais, ausência de políticas públicas e silêncio institucional. É por meio da intimidade dessa personagem e das pessoas ao seu redor que o filme constrói um painel sobre o impacto da repressão legal e social sobre decisões femininas fundamentais. O roteiro, iniciado em 2016 e finalista do Prêmio Cabíria de Roteiros, passou por laboratórios como o BrLab e o Cabíria Lab e foi sendo moldado ao longo dos anos pelas transformações políticas e sociais do país.

Desde sua estreia internacional no Festival de Mar del Plata, “Ainda Não É Amanhã” já conquistou 11 prêmios. Entre os destaques, estão o Festival do Rio — onde Mayara Santos foi reconhecida como Melhor Atriz na mostra Premiere Brasil – Novos Rumos — e o 20º Panorama Internacional Coisa de Cinema, que premiou o longa com Melhor Direção (Milena Times), Melhor Atuação (Mayara Santos) e Melhor Filme pelo Júri Jovem. No Fest Aruanda, na Paraíba, o filme foi o grande vencedor da mostra competitiva Sob o Céu Nordestino, com sete prêmios, incluindo Melhor Filme, Direção, Atriz, Atriz Coadjuvante, Direção de Arte, Fotografia e Som.

Além de Mayara Santos, o elenco conta com Clau Barros, Cláudia Conceição, Mário Victor e a artista-visual Bárbara Vitória, que interpreta Kelly, a melhor amiga da protagonista — papel que lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Fest Aruanda. A direção de arte de Lia Letícia e a fotografia de Linga Acácio reforçam a atmosfera intimista do filme, enquanto o trabalho de som, comandado por Martha Suzana e Nicolau Domingues, capta tanto a organicidade do cotidiano quanto a suspensão emocional vivida pela personagem principal.

A diretora comenta que “pessoas optam pela interrupção voluntária da gravidez em qualquer lugar do mundo, por inúmeras razões, independente de ser permitido. As restrições sociais e legais só contribuem para que seja uma prática insegura e desassistida, especialmente para quem tem menos instrução e poder aquisitivo.” A criminalização, segundo Milena, não evita o aborto — apenas o torna mais perigoso e solitário.

Produzido por Dora Amorim, Júlia Machado e Thaís Vidal, em coprodução com Espreita Filmes, Ponte Produtoras e Ventana Filmes, o longa conta com patrocínio da Ancine, FSA e BRDE e incentivos estaduais e municipais à cultura. “Ainda Não É Amanhã” não se propõe a ser um manifesto, mas sim uma experiência cinematográfica tocante e urgente sobre a liberdade de escolha, o medo e o desejo por acolhimento em uma sociedade marcada por desigualdades.

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