Entre Dois Mundos (Ouistreham / Between Two Worlds) é o novo longa-metragem que chega aos cinemas brasileiros no dia 22 de maio, trazendo Juliette Binoche em um papel profundo e desafiador. O filme, dirigido por Emmanuel Carrère, é baseado no livro de não ficção Le Quai de Ouistreham (publicado no Brasil como A Faxineira) de Florence Aubenas, que revela o trabalho precário no norte da França, especialmente de mulheres que enfrentam condições extremas de exploração. A produção será distribuída pela Pandora Filmes.

O filme foca em Marianne Winckler (Juliette Binoche), uma jornalista parisiense que se infiltra no universo do trabalho precário para investigar as condições de vida das trabalhadoras da região. Para isso, ela assume uma identidade falsa e consegue emprego como faxineira em um ferryboat que cruza o Canal da Mancha. Ao longo da trama, Marianne desenvolve laços com suas colegas de trabalho, mulheres que sobrevivem com recursos limitados e poucos direitos, o que gera um intenso conflito interno, à medida que ela questiona sua própria escolha e a legitimidade da mentira que construiu para se aproximar delas.

Juliette Binoche e a transformação em “Entre Dois Mundos”

Juliette Binoche é uma atriz que sempre buscou papéis que a desafiassem, e em Entre Dois Mundos, ela nos apresenta uma personagem diferente de tudo o que já interpretou. Em mais de 40 anos de carreira, a atriz, vencedora do Oscar® por O Paciente Inglês (1996), é reconhecida por sua coragem de assumir papéis complexos e longe da zona de conforto. Sua atuação em Entre Dois Mundos foi indicada ao César de Melhor Atriz, o que reforça seu talento inegável.

O filme se distingue pela forma como Juliette Binoche contracena com um elenco composto principalmente por atores não profissionais, trazendo uma sensação de realismo e autenticidade às cenas. A personagem Marianne é uma figura intrigante, que transita entre a empatia e a intrusão, buscando entender a realidade das mulheres que, muitas vezes, não têm voz no sistema.

Emmanuel Carrère retorna com uma narrativa poderosa e relevante

Após uma pausa de mais de dez anos, Emmanuel Carrère retorna à direção em Entre Dois Mundos. Conhecido por sua habilidade em explorar a linha tênue entre realidade e ficção, Carrère traz sua abordagem única ao cinema, oferecendo um olhar íntimo e crítico sobre as desigualdades sociais. O filme também é uma adaptação de seu próprio roteiro, em parceria com Hélène Devynck.

Carrère, que recentemente se destacou com a adaptação de seu livro Limonov, aproveita sua experiência literária para criar uma narrativa que vai além do drama social, explorando o conflito ético e humano da personagem principal, enquanto nos convida a refletir sobre a exploração do trabalho e a luta das mulheres em um sistema desigual.

A luta invisível das trabalhadoras e a crítica social

A história de Entre Dois Mundos não se limita a um retrato da vida de Marianne, mas funciona como uma crítica contundente às condições de trabalho precárias e ao sofrimento silencioso das mulheres que ocupam essas funções. O filme joga luz sobre essas realidades, ao mesmo tempo em que desafia o espectador a refletir sobre o privilégio e a empatia.

Ao criar uma conexão emocional com as personagens, o filme questiona se é possível justificar a mentira e a exploração em nome de um “bem maior” e como a escolha de Marianne pode ser vista sob diferentes perspectivas. O dilema da personagem é um convite para que o público reflita sobre sua própria relação com as desigualdades sociais e com o sistema de trabalho que muitas vezes marginaliza os mais vulneráveis.

Ficha Técnica

• Estreia no Brasil: 22 de maio de 2025
• Título original: Ouistreham / Between Two Worlds
• País: França
• Direção: Emmanuel Carrère
• Roteiro: Emmanuel Carrère e Hélène Devynck
• Elenco: Juliette Binoche, Hélène Lambert, Léa Carne, Emily Madeleine, Patricia Prieur, Evelyne Porée, Didier
• Duração: 107 minutos
• Gênero: Drama
• Baseado no livro: Le Quai de Ouistreham, de Florence Aubenas
• Distribuição no Brasil: Pandora Filmes