INTERRUPTOR estreia em São Paulo com provocação filosófica e performativa ao movimento LGBTQIAPN+

O Grupo XIX de Teatro retorna às salas paulistanas com INTERRUPTOR: dispositivos para desligar a corrente, espetáculo que se destaca por sua ousadia e complexidade, unindo dramaturgia e direção de Ronaldo Serruya — indicado ao Prêmio Shell 2023 — e uma dramaturgia que mescla o livro Ética Bixa, do filósofo queer espanhol Paco Vidarte, a relatos autobiográficos dos sete intérpretes. A montagem, performativa e politicamente instigante, questiona as normativas da comunidade LGBTQIAPN+ a partir do olhar plural de artistas bixas, lésbicas, trans, travestis e não-binários, numa encenação fragmentada e carregada de camadas.

Entre os dias 5 e 8 de junho, a sede de A Próxima Companhia, nos Campos Elíseos, abre espaço para esse trabalho que propõe um diálogo crítico e provocador, apostando no deboche e na “baixa cultura” para desestabilizar discursos consolidados. A concepção do INTERRUPTOR parte da metáfora de um curto-circuito — uma ruptura que questiona os limites do que já está estabelecido no movimento LGBTQIAPN+ e nas lutas políticas atuais.

O espetáculo funciona como um mosaico, em que conceitos presentes no livro de Vidarte como “política cadela”, “política do buraco negro” e “gravidade” ganham forma cênica. Entre cenas que flertam com a estética dos programas de auditório, quizzs e dinâmicas interativas, os artistas não só narram o texto teórico, mas trazem à tona suas próprias contradições e vivências, abrindo espaço para a reflexão sobre as sombras e limites da militância.

Ronaldo Serruya comenta que o deboche é um recurso fundamental para esse processo: “Rir das próprias contradições é uma forma de escapar da armadilha de uma militância narcísica que aponta o dedo para o outro, mas raramente para si mesma”. Esse olhar autocrítico permeia toda a encenação, convocando o público a questionar não só os padrões externos, mas as próprias tensões internas da comunidade.

A iniciativa integra o projeto de circulação contemplado pelo Prêmio Zé Renato, da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa, que apoia a produção teatral na capital paulista. Além de INTERRUPTOR, o público poderá conferir em junho outras duas peças do Grupo XIX, resultantes dos Núcleos de Pesquisa 2024: Vitaminas (Rodolfo Amorim) e Quando um dia (Juliana Sanches), com apresentações na Sala Multiuso do Teatro Arthur Azevedo.

Ficha técnica:

Concepção e Direção: Ronaldo Serruya
Dramaturgia: Ronaldo Serruya em colaboração com os intérpretes
Intérpretes: Andrezza Czech, Alv Lara, Diego Lima, Igor Mo, Pedro Ribeiro, Rudá, Rodolpho Côrrea
Assistente de Direção: Matilde Menezes
Figurinos: Ailton Barros
Balaclavas e Adereços: Felipe Cruz
Audiovisual: Givva
Desenho de Luz: Hart Bergman e Felipe Tchaça
Técnico de Palco: Roberto Oliveira
Trilha Sonora Original: Camila Couto
Fotos: Jonatas Marques
Produção: Andréa Marques e Grupo XIX de Teatro

Serviço:

INTERRUPTOR: dispositivos para desligar a corrente
De 5 a 8 de junho de 2025
Quinta a sábado, às 20h; domingo, às 19h
Local: Teatro A Próxima Companhia – R. Barão de Campinas, 529, Campos Elíseos, São Paulo (SP)
Duração: 80 minutos | Capacidade: 40 pessoas por sessão
Classificação: maiores de 16 anos
No dia 7/6, após a sessão, haverá bate-papo com o professor e crítico teatral Ferdinando Martins
Sessão do dia 8/6 com tradução em libras
Ingressos gratuitos, retirada pelo Sympla: https://www.sympla.com.br/eventos?s=interruptor

O espetáculo reforça a importância do teatro como espaço de resistência e investigação, propondo uma reflexão complexa, urgente e necessária sobre as diversas vivências que compõem o coletivo LGBTQIAPN+. Em tempos de debates intensos sobre identidades e políticas, INTERRUPTOR emerge como um convite à desconstrução e à reinvenção dos discursos sobre dissidência e pertencimento.

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