Review | Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name vai além do Yakuza

Criado pela Ryu Ga Gotoku Studio, o jogo é um spin-off da série Like a Dragon, se passando durante os eventos do Yakuza: Like a Dragon. Ganhando destaque internacional e sendo o segundo jogo da série com localização em português brasileiro, Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name têm o importante papel de desenhar o papel de Kazuma Kiryu ali, além de aprofundar um universo bastante rico com vários jogos da franquia.

Tendo contato inicial aqui, por um momento o Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name pode soar caótico e confuso com tantos personagens se conhecendo, repleto de referências internas que dão a sensação que você chegou tarde no rolê. Só que essa é só a impressão inicial, por logo se afeiçoar aos valores do Kazuma Kiryu e pouco a pouco, você acaba se acostumando com todo mundo ali.

Distribuído pela SEGA, o jogo é focado mais na aventura e ação se aproximando do Lost Judgment. E devo confessar aqui que atualmente estou jogando Lost Judgment, percebendo que muitas coisas dali foram utilizadas aqui, como os jogos de Master System que você irá encontrar por toda a história.

Além disso, o jogo traz um bônus pra lá de especial, por apresentar uma versão demo de Like a Dragon: Infinite Wealth que serve como um prólogo e já te deixa empolgado por esperar o próximo capítulo da franquia.

Entendeu quando disse que o jogo é caótico? Com tantas coisas ao mesmo tempo, este não é um jogo para se jogar intercalado com outros. Cinematográfico e com uma narrativa viciante,  Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name é um jogo que te fará ficar na frente da televisão por boas horas, fazendo você se viciar pelo mundo das organizações que são a Yakuza.

A produção

Curiosamente, o Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name foi pensado para ser um interlúdio de Like a Dragon: Infinite Wealth. Focado exclusivamente no Kazuma Kiryu, o projeto evoluiu de um DLC até se tornar um jogo completo como estamos conhecendo ele aqui.

O produtor Masayoshi Yokoyama sugeriu que o jogo unisse as lacunas deixadas nos jogos anteriores, assim um dos focos aqui era responder o que aconteceu depois da “morte” do Kazuma Kiryu em Yakuza 6.

Sendo pensado para ter de 15 a 20 horas de jogo, este foi um dos três jogos produzidos de forma simultânea pela Ryu Ga Gotoku Studio da série. Paralelamente, o estúdio também estava fazendo Infinite Wealth e o remake de Like a Dragon: Ishin! o que pode parecer uma loucura, tamanha dedicação a série.

Agora, algo que desperta atenção no desenvolvimento do jogo, foi quando a VShojo VTuber Kson venceu o grande prêmio realizado pela SEGA e Ryu Ga Gotoku Studio para a anfitriã do hosts do jogo. Sendo um dos momentos do jogo com filmagens, ela foi a única VTuber a estar no jogo, além de também estar presente em Like a Dragon: Infinite Wealth. 

Lançado em 9 de novembro de 2023, o jogo inicialmente foi lançado para PlayStation 4 , PlayStation 5 , Windows , Xbox One e Xbox Series X/S, ainda recebendo um DLC bônus com personagens recorrentes do universo de Like a Dragon. Neste DLC estão presentes os personagens: Goro Majima , Taiga Saejima e Daigo Dojima.

Em 14 de dezembro, o jogo recebeu uma atualização, trazendo a opção de dublagem em inglês, sendo a primeira vez na história da franquia que ela foi lançada posteriormente.

A História

Após fingir sua morte no final de 2016, Kazuma Kiryu mergulhou no submundo como um agente secreto conhecido como “Joryu” dentro da facção Daidoji. Sua missão? Executar tarefas obscuras em troca de uma ajuda financeira e segurança para o Orfanato Glória do Amanhã. Em troca, ele se mantém ativo em missões e oculta a sua verdadeira identidade. Daidoji tem uma peculiaridade que sua fachada de um templo budista, sendo que o “Joryu” é um devoto, o que se torna uma estratégia para manter seu disfarce ativo.

O segundo momento do jogo traz os eventos em 2019, e o Kiryu é enganado durante uma operação de contrabando em Yokohama, levando-o a confrontar o Clã Seiryu local, apenas para descobrir que a Aliança Omi foi a responsável pelo ataque. Paralelamente temos uma relação dele com a estranha Akane, que torna uma forma de conquistar missões extras e se informar sobre próximos passos das suas missões principais.

Ele acaba sendo abordado pela Família Watase, liderada por Tsuruno, buscando sua ajuda para desmantelar a Aliança Omi e o Clã Tojo. Kiryu recusa-se quando descobre que isso implica sacrificar Hanawa, seu mentor.

Desafiado pelas reviravoltas, Kiryu embarca numa jornada por Ijincho e Sotenbori, envolvendo-se em batalhas e alianças, rejeitando os pedidos da Família Watase em se tornar um aliado. Enquanto lida com as exigências do Daidoji para eliminar os seus próprios aliados, Kiryu se depara com dilemas morais e situações complexas, mostrando sua lealdade e resiliência.

Nessa parte da história temos um dos momentos mais icônicos do jogo em que temos um navio que os os membros locais se divertem, inclusive com um coliseu. E nessa parte Kiryu não só investigará, como também terá que evitar a todo custo ter sua identidade revelada, durante as lutas.

Ele se vê obrigado a lutar não apenas contra seus inimigos, mas também contra os próprios ideais. O clímax culmina numa batalha caótica, onde Kiryu, ao lado de aliados, enfrenta uma rebelião dentro da Aliança Omi, derrotando aqueles que se opõem à dissolução das facções criminosas.

A história de Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name chega em seu final, após a vitória que torna Kiryu reconhecido por suas contribuições e acaba recebendo uma oferta de recompensa do Daidoji. Ele é surpreendido por lembranças, o que acarreta numa pausa, mantendo seu disfarce e seguindo uma nova identidade.

Indo além da história

Vale mencionar que por mais que Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name tenha um universo bastante rico e conciso em si mesmo, a graça no jogo é que a qualquer momento você pode largar o plot principal, trocando pelas missões extras.

Nesse ponto podem aparecer missões que vão de ajudar um rapaz a conquistar uma garota e ambos estão viciados em Chat GPT, como resgatar gatos, salvar mendigos de gangues, além de ajudar um novato a se tornar o número um em um host local. São missões de todos os tipos, que ajudam a ganhar pontos e moedas que evoluem o Kiryu, o que melhora o desempenho do personagem nas lutas seguintes.

 A jogabilidade

Optando por socar primeiro e perguntar depois, o jogo é bastante divertido e totalmente focado na ação. Optando pelas lutas com porradaria do que um RPG com menu, o Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name acerta em tornar tão fluida a experiência entre lutas e o cenário em si.

Repleto de atividades para fazer, muitas vezes você se verá numa investigação que pode acabar numa mesa de sinuca ou num mini golf. Isso quando você não tiver que resgatar bichos de pelúcia nas casas de fliperama da cidade.

Sendo marinheiro de primeira viagem em um jogo da série Like a Dragon, assumo que demorei para me orientar ali a ponto de entender tudo que estava acontecendo em cena. Mas a sua introdução tão próxima de filmes, faz com que te transporte para dentro do jogo. E algo que me conquistou em especial é como a sua jogabilidade seja tão orgânica, sendo absurdamente fácil jogar a mesma.

Localização em Português Brasileiro

Um dos grandes acertos de Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name está na sua localização no Brasil. Trazendo uma linguagem informal, repleta de palavrões, a tradução acaba fazendo com que os personagens estivessem falando português.

Lógico que nem tudo são flores e aqui a legenda dá umas derrapadas às vezes com erro de digitação na legenda. Só que quando lembramos dos problemas de Naruto x Boruto: Ultimate Ninja Storm Connections, acaba sendo algo que só prestando muita atenção para te incomodar.

Podemos afirmar que a tradução é um dos pontos altos e o que torna tão interessante para o jogador brasileiro.

Um gostinho para Like a Dragon: Infinite Wealth

O jogo aqui termina num epílogo, em que  três anos depois, Kiryu faz uma visita ao Havaí, deixando um presente como tributo ao seu antigo amor,  encerrando um capítulo importante de sua vida.

Mas nem dá pra sentir falta do Kiryu, por logo ele ser informado no Havaí que um estranho japonês apareceu pelado por lá. O que faz ele investigar e encontrar Ichiban Kasuga preso. Trazendo gráficos tão semelhantes ao Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name, o demo aquece o coração e apresenta um novo mapa, agora fora do Japão.

Optando por um RPG mais tradicional por menu, esta é a única diferença mais sentida aqui. Talvez não flua tão naturalmente igual ao jogo anterior, mas não impede de ser tão incrível quanto.

Opinião

O  Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name é um jogo viciante e acima da média. Emocionante e divertido, aqui temos as missões de Kazuma Kiryu que começam pequenas e vão se tornando uma porta para o submundo japonês.

Por mais que o jogo se foque na ação e na aventura, ele tem diversos elementos de RPG, podendo ser facilmente jogado. Suas facilidades em mostrar aonde você deve ir e até traçar o caminho no mapa para o personagem não se perder não são inéditos aqui, mas que foram lapidados e estão em sua melhor forma. 

Jogando recentemente Lost Judgment, você percebe as semelhanças, mas lá o menu do personagem era confuso, a computação gráfica é visualmente inferior aqui (até por ser mais antigo), o que reforça Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name como a melhor versão e apresentação desse universo.

Sua localização é um dos pontos mais fortes, por conseguir traduzir e fazer funcionar no nosso idioma as piadas e vocabulário nada sutil dos personagens. Mesmo jogando em aúdio em inglês e japonês, percebi uma interpretação mais intensa no idioma japonês, o que acaba se tornando fundamental para a imersão em si.

Com controles fluidos, quase nada de telas de carregamento, gráficos belíssimos, talvez o único defeito aqui seja num jogo “curto”. Por desconhecer e não ter jogado outros jogos completos da série, não posso julgar isso e acho até um bom tamanho de jogo em torno de 20 horas, mas em minha pesquisa, vi que os produtores alertaram sobre o tamanho, por isso trago aqui essa observação.

E devo confessar aqui que fazia tempo que um jogo não me emocionava como os momentos finais aqui do Kazuma Kiryu. Trazendo lembranças e mostrando o quão seguro estão os órfãos que ele tanto protegeu em jogos anteriores, você acaba chorando junto do personagem.

Por Like a Dragon: Infinite Wealth está chegando e trazendo mais do personagem, a sensação que passa é que jogamos a primeira parte de um jogo maior. Se em Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name jogamos as memórias de 2016 até 2022 do personagem, agora temos um Kiryu mais velho e sábio, mas que nem por isso deixará de dar porrada, agora no Havaí.

Exatamente por isso, com os lançamentos próximos e a ansiedade em torno do próximo capítulo, fazem parte de toda jornada do personagem aqui. É um excelente jogo com uma história bem completa, mas que deixa aquele gosto de quero mais e talvez seja por isso que esse seja um dos grandes jogos que tive o prazer de jogar em 2023.

Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name

Desenvolvimento: Ryu Ga Gotoku Studio

Distribuição: Sega

Diretor:Ryosuke Horii

Produtor: Makoto Suzuki

Roteirista: Masayoshi Yokoyama e Tsuyoshi Furuta

Compositor: Chihiro Aoki

Plataforma: PlayStation 4, PlayStation 5
Windows, Xbox One, Xbox Series X/S

Lançamento: 9 Novembro, 2023

Gênero: Ação e Aventura

Nota: 4.5/5

Nossos sinceros agradecimentos à assessoria da SEGA por nos fornecer uma cópia digital de cortesia do jogo para teste e para a produção desta matéria.

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Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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