POC CON 2023 | Cobertura Geral

Sucesso de público e trazendo mais diversidade entre o público fãs de quadrinhos, POC CON foi um dos grandes eventos que aconteceu na cidade de São Paulo no mês de junho.

Totalmente gratuita, o evento foi realizado no Centro Cultural Vergueiro, utilizando dois andares do espaço, além de trazer palestras nos dois auditórios.

Quadrinhos tem espaço para LGBTQIA+?

Tendo discussões acaloradas na internet e até um tom nada democrático, me perguntei diversas vezes se o LGBTQIA+ tinha voz no Brasil. Ganhando cada vez mais títulos em mangás no Brasil, títulos especiais da Marvel e da DC Comics publicados pela Panini por aqui, tudo parece que sim.

Pessoalmente falando aqui, diversas vezes vi discussões do ambiente geek em que se ridicularizava histórias que traziam personagens saindo do armário. Não entendo toda uma briga sobre os mutantes e preconceito, se propiciava um ambiente bastante tóxico para ter qualquer discussão madura sobre o assunto.

A origem do POC CON

Surgindo em 2019, o evento foi idealizado por Mário César, criador de Bendita Cura, e Rafael Bastos Reis, responsável por Pornolhices. Realizado no Osaka Naniwa-Kai, o evento foi um grande sucesso, atraindo 73 artistas expositores, além de um público de 3.000 pessoas.

Dando voz a talentos multicoloridos das artes gráficas, o POC CON é realizada sempre no período da parada do orgulho LGBTQIA+ de São Paulo.

De 2019 para cá, não só cresceu a quantidade de títulos LGBTQIA+ que chegou nas lojas, como também a entrada de editoras brasileiras no evento.

O nome do evento também vem de POC ser uma gíria antiga, originada do termo “poc poc”, que costumava ser usado para ridicularizar gays efeminados, travestis e transformistas. Ela remetia ao som que os saltos altos faziam ao caminhar e atualmente se refere a todos os LGBTQ+s de maneira geral. Ganhando um novo resignificado dando motivo de orgulho a identidade.

A edição de 2023

Realizada nos dias 9 e 10 de junho, o evento contou com a presença das editoras e expositores: ABERST, Balão Editorial, Banca Curva, Bizarra Loja, Brasa Editora, Carol Ito, Cartola, Cia das Letras, Conrad, Diário Macabro, Falo Magazine, Figura, Galera Record, IndieVisível Press, JBC, Laerte, Lipsync Killers, Lote 42 + Banca, Tatuí ,MPEG, NVersos, NewPOP, Panini, PEL, Se Liga! Editorial, Skript, Tinta-da-China, Universo Guará + Funktoon e Veneta + Comix Zone.

Entre os diferenciais do evento está a sua disponibilização das suas palestras online. Então, caso tenha perdido alguma palestra, você poderá assistir ela pelo site oficial do evento.

Experiência em si

Fomos ao evento no sábado, dia 10 de junho, pegando uma fila de uma hora e meia para entrar no andar onde estavam mais de 120 artistas LGBTQIA+, no Vale dos Artistas.

Por mais que tenha sido cansativo esperar para entrar no evento, não podemos deixar de mencionar que toda a equipe estava monitorando e dando informações o que podíamos esperar.

Gratuito, devemos mencionar aqui que toda estrutura estava decorada e bastante parecido com outros eventos pagos. Além disso, podíamos ver cosplayers em todos os lados, algo tão característico em eventos geek.

Entrando no evento, podemos andar entre os 120 artistas, vendo muitos talentos interessantes de adquirir. Não negamos que muitas vezes, era difícil andar para descobrir melhor cada artista. Devemos aqui ressaltar que o destaque de um evento assim está onde o talento nacional se encontra, podendo encontrar um quadrinho ou um mangá que agrade ao seu gosto.

Por ser a primeira vez que fui ao evento, não imaginava a quantidade do público, por isso se vale uma recomendação, opte por ir na sexta-feira. Seguindo o formato que funciona até as 21 horas.

A editora MPEG estava no evento com o mangá espanhol Alter Ego, criado por Ana C. Sanchez. Além disso, a editora trouxe ‘Gash Bell!!” para pré-vendas e assinaturas em seu estande. Tirando a MPEG, as demais editoras estavam no andar acima.

Entre as Editoras

Grande destaque da Editora JBC estava em “The Flower Pot”

No térreo do Centro Cultural Vergueiro é onde ficavam as editoras (com exceção da MPEG) e tivemos alguns lançamentos interessantes, como a edição definitiva de ‘The Flower Pot’ da Amanda Freitas pela Editora JBC.

A Newpop que tem o selo Pride, também trouxe diversos mangás, destacando o também título nacional ‘Pela Última Vez’ do Alec.

Vários editores, como Cassius Medauar da Conrad, estavam no evento prestigiando e dando algumas pistas, como anúncio de mangás que seria feito pela editora alguns dias depois do POC CON.

Destacamos aqui que existia muito material bom entre as editoras, mas talvez o único defeito era o preço full deles. No mesmo final de semana, tínhamos a Feira do Livro no Pacaembu com promoções, o que parecia em alguns casos como da Editora JBC, ser mais convidativo ir lá, do que comprar no POC CON.

De qualquer maneira, apenas uma ressalva para as editoras, por ter um público que está em São Paulo por causa da parada do orgulho LGBTQIA+ de São Paulo, seria mais convidativo preços mais baixos, ainda mais considerando modelo de negócio do evento ser gratuito, do que o preço full dos títulos.

Opinião

O POC CON mesmo com a fila que pegamos, foi uma experiência maravilhosa. Seja pelos artistas, palestras, títulos, além de encontrar diversos amigos na feira.

Bem organizado e estruturado, a sensação que passa é que o Centro Cultural Vergueiro ficou pequeno para o evento em si. Além disso, mesmo com a feira, algumas ações normais do local continuaram existindo em paralelo, como grupos que ensaiam danças de KPOP em alguns espaços por lá.

Torço que o evento cresça cada vez mais e até vá para um espaço mais estruturado, aumentando ainda mais o seu público. Ganhando tanto apoio das editoras brasileiras, o evento tem tudo para continuar crescendo e se tornar ainda maior.

Se você é fã de quadrinhos e mangá, provavelmente deve anotar e ir no POC CON no próximo ano.

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Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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